Quatro anos após perder o governo do Estado, o PT tenta retornar ao Palácio Piratini, desta vez com Miguel Rossetto. Mas o cenário, com a prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, liderança máxima petista, deixa o partido em um momento delicado. Apesar disso, o pré-candidato a governador está confiante, não só em sua candidatura, mas na de Lula.
Em visita ao Pioneiro na sexta-feira, Rossetto falou sobre o ex-presidente e também de seus planos caso seja eleito. Confira:
Pioneiro: Como o PT pretende voltar ao governo do Estado diante de um momento tão delicado para o partido?
Miguel Rossetto: Abrimos um diálogo com a sociedade gaúcha, estamos preparando o plano de governo, percorrendo todas as regiões do Estado. Há muito entusiasmo, há uma expectativa muito grande da sociedade gaúcha por mudança no RS e no Brasil. A minha percepção é que a sociedade gaúcha quer acabar com esses pesadelos chamado (Michel) Temer (presidente da República) e (José Ivo) Sartori (governador). Vamos oferecer um plano de governo sólido, capaz de oferecer uma alternativa de desenvolvimento e esperança para o RS.
Qual o potencial de crescimento de sua candidatura?
Temos duas experiências importantes de governo no RS. Governamos com Olívio Dutra e Tarso Genro e essa é uma história de sucesso. Fui vice-governador com Olívio, tenho experiência, conheço o Estado. Tive a oportunidade de conhecer o governo federal com os presidentes Lula e Dilma. Temos, portanto, experiência e capacidade de formular uma agenda de futuro para o RS. Nosso partido é forte, temos a maior bancada de deputados estaduais e de deputados federais e um senador. Entramos nessa campanha com o maior entusiasmo, com o partido unificado, dialogando com nossa base social e vamos oferecer uma proposta vitoriosa. Continuamos a defesa de Lula como nosso candidato representando essa expectativa de reconstrução de um Brasil com desenvolvimento e respeito ao nosso povo. É com este diálogo que estamos fortalecendo a nossa candidatura no RS, que queremos vitoriosa.
Qual o principal ponto de seu programa de governo?
Temos a retomada do crescimento econômico, temos que recuperar trabalho e emprego para o RS. O RS precisa entrar numa rota de desenvolvimento novamente e sair dessa agenda derrotada que este governo atual representa. Teremos um grande trabalho para reorganizar a segurança pública, uma boa escola pública e o sistema de saúde público. E vamos discutir investimentos de infraestrutura. São obrigações de um governo do Estado e eu quero liderar um projeto que retire o RS da crise sem vender o Estado. E vamos recuperar uma das marcas mais importantes do nosso jeito de governar, que é através do diálogo, da participação popular, escutando as regiões e liderando de forma inteligente e respeitosa projetos de desenvolvimento regional. Para isso é importante mudar o Brasil. Temos grandes projetos integrados de investimentos federais. É um programa de desenvolvimento forte, de proteção da nossa economia e de quem trabalha e, a partir desse ambiente, recuperar as finanças do RS e a capacidade de investimento. Um governo próximo da comunidade.
Quais as propostas específicas para a Serra gaúcha?
Temos obrigação de recuperar a desorganização do serviço público. Estamos discutindo um plano de segurança para o RS. O RS tem hoje 5 mil profissionais na BM a menos do que tinha em 2014. Caxias e a Serra sofrem com isso. Temos que reorganizar a escola pública. E nós vamos reorganizar uma saúde pública em um ambiente de muita cooperação nos municípios. A população gaúcha é cada vez mais idosa e tem que ser tratada com muito carinho. A primeira medida é regularizar o pagamento de salários. É obrigação do governo assegurar pagamentos em dia dos salários. É insustentável o que o atual governo faz. Três anos e três meses de governo, 28 meses de salários atrasados, uma total instabilidade e insegurança, nunca pagou um décimo terceiro em dia. Temos que reverter essa situação e isso será prioridade e, a partir, disso dialogar com as regiões. Li o projeto que o Corede Serra está debatendo e naquilo que li estou de acordo e já solicitei uma agenda para discutirmos esse planejamento.
Como estão as conversas para coligações?
Presidente (do PT gaúcho) Pepe (Vargas) tem liderado esse diálogo com os partidos de oposição. Penso que a eleição terá dois grandes campos políticos. PMDB, PP, PSDB compõem candidaturas de continuidade. Nós somos uma candidatura de oposição, vamos oferecer um projeto alternativo e estamos dialogando com os partidos que fazem oposição: PDT, PCdoB, PSOL. Independente de termos candidatura única no primeiro turno, estamos construindo um campo de unidade para uma campanha mais unificada possível, de combate a esse modelo de gestão fracassado tanto no RS quanto no Brasil. Aliás, os partidos que sustentam Temer e que provocam esse desastre no país são os mesmos que sustentam a gestão Sartori. Queremos mudar isso e vamos construir uma campanha desde já unitária, já pensando em uma campanha unificada no segundo turno.
Quantos deputados vocês esperam eleger?
Nosso patamar mínimo é preservar as nossas bancadas e, obviamente, trabalhamos para ampliar. Vamos oferecer uma bancada muito qualificada e ampliada para a disputa e queremos manter o nosso companheiro Paulo Paim representando nosso partido no Senado.
Se o ex-presidente Lula for declarado ficha suja, qual a alternativa do PT para a presidência da República?
Quando há uma condenação sem provas, isto não é um ato de justiça, é um ato de violência. Em nenhum momento as provas condenatórias apareceram, todas as provas que asseguravam inocência do Lula foram desconsideradas. (Sergio) Moro nunca se comportou como um juiz nesse processo. Sempre foi um acusador. Portanto, não reconhecemos a legalidade desse ato de prisão, continuamos recorrendo ao Supremo Tribunal Federal. Há uma campanha internacional de solidariedade ao presidente Lula, por sua liberdade e de preservação da Constituição brasileira. Porque acreditamos nisso, preservamos a condição de Lula como nosso candidato a presidente. Lula hoje é o maior líder popular do país e é reconhecido, não só pelo PT, mas pela imensa maioria da população brasileira como a única liderança capaz de estabilizar o país e recoloca-lo numa rota de desenvolvimento econômico, preservando direitos.