O presidente do PRB de Caxias do Sul tratou de minimizar a polêmica com as decisões do vice-prefeito Ricardo Fabris de Abreu (PRB) que, no início do mês, havia comunicado sua renúncia ao cargo. Já no início desta semana, Fabris reconsiderou sua posição. Para Heron Gröhler Fagundes, as manifestações do vice não devem trazer nenhum prejuízo à administração do prefeito Daniel Guerra (PRB) e à aplicação das ações do plano de governo.
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Heron reconhece que as primeiras divergências entre Fabris e Guerra iniciaram, ainda, no ano passado, durante o período de transição do governo, mas ressalta que elas fazem parte das discussões democráticas. Apesar do momento de alta tensão, o presidente do partido acredita em uma reconciliação entre os dois.
– Com o tempo, eles podem se equalizar, desde que a proposta do trabalho do vice-prefeito seja de cooperação para o plano de governo.
Nomeado para o cargo voluntário de Coordenador de Reestruturação do Governo, Heron diz que se afastou para atender a compromissos profissionais e porque o trabalho está bem encaminhado.
O presidente do PRB também avalia as primeiras ações do governo Guerra. Confira a entrevista na íntegra.
Pioneiro: A reconsideração do vice-prefeito gera desgaste para o governo?
Heron Fagundes: Como presidente do partido, sempre foco no que é maior e para o que fomos eleitos. O trabalho que a gente se destacou em realizar está voltado para a população. Dentro do que tenho acompanhado, essa questão (a renúncia do vice) é importante, mas não tem a relevância para o trabalho que tem que ser dedicado. Dentro do governo, todos estão muito focados e dedicando seu tempo e energia para as questões iniciais do governo, que precisam ser revolvidas e que realmente importam ao caxiense. E, muitas vezes, em condições de rompimento com as práticas antigas da política em Caxias do Sul. Claro que a renúncia de um vice-prefeito não é uma notícia comum, mas isso não gerará prejuízos com o plano de governo traçado.
Em que momento houve a cisão entre o prefeito e o vice?
O que posso te dizer é que durante a caminhada, no processo de transição ocorreram pontos de desencontros, mas isso faz parte do meio (político) e de qualquer discussão democrática. Existem pontos de entendimentos contrários e isso não pode ser levado para uma condição de desprezo pessoal ou inimizades, são divergências, e isso aconteceu em vários governos, do Estado, no país e na cidade em outros momentos. Fabris resolveu, de alguma forma, radicalizar gerando esse processo de ir e não ir.
Há alguma possibilidade de entendimento entre Guerra e Fabris?
Eu creio que sim. Não nesse momento de nevoeiro. Existem muitas opiniões que não afirmam a realidade do que está ocorrendo. Guerra é um político extremamente maduro, e Fabris tem a sua maturidade. Com o tempo, eles podem se equalizar, desde que a proposta do trabalho do vice-prefeito seja de cooperação para o plano de governo. Agora, se o processo de trabalho for pela simples convergência ou pela simples crítica, quem poderá julgar é a população. Nas ruas, as pessoas estão se posicionando sobre qual será o papel do vice.
O senhor pretende conduzir esse entendimento?
Com o passar do tempo, e analisando a postura do vice-prefeito a ser adotada e de que forma ele vai se portar diante do governo, entendo que da minha parte não tem nenhum tipo de objeção em sentar com ele e com o Guerra.
O vice-prefeito manifestou novamente a intenção de deixar o partido. O senhor pretende tomar alguma medida?
Todos que ficam e todos que saem são respeitados. Se for a vontade do vice-prefeito em deixar o partido, da nossa parte não existe conflito. Temos que respeitar. O partido é muito maior. As questões partidárias são importantes, mas ficam num segundo plano. A gente precisa se manter focado ao plano de governo voltado para a população.
Como o senhor avalia a possível ida do vice para o PDT?
É de livre arbítrio dele escolher o partido para o qual ele entende ser mais positivo. Só espero que não se use do cargo para benesses por partidos que possuem outra proposta de governo contrária à que estamos fazendo. O vice-prefeito chancelou o nosso plano de governo, e ir para um partido contrário a esse projeto de governo é, no mínimo, uma discrepância.
O PRB vai expulsar Fabris se ele não deixar o partido?
A gente nem cogitou sobre a necessidade e a condição de expulsar ou não o Fabris. A gente, como toda a população de Caxias, está aguardando o transcorrer dos dias para ver se não vai ocorrer uma nova inversão de posicionamento.
O governo acertou em manter o valor da tarifa para o transporte coletivo?Entendo que sim. A decisão do prefeito é acertada porque é coerente com tudo aquilo que foi proposto na época da campanha. Estamos tratando de um assunto que envolve boa parte da população de Caxias e não podemos transpassar sem uma discussão desse ônus. A postura do governo Guerra não é uma postura sem embasamento. Me parece que essa discussão vai tomar o escopo jurídico e neste momento se poderá clarear muitas coisas. Ainda que alguns entendam que a decisão do governo é precipitada ou birra, isso não é verdade. Tudo que passa pelo governo é avaliado também por uma equipe técnica e levado ao prefeito para que ele tome a sua atitude.
E como avalia a mudança de comportamento do município com os médicos?Quando se percebe que tem que haver alguma modificação, não na proposta toda, mas em alguns pontos, isso é benéfico porque comprova que o governo não é ditatorial como alguns opositores têm difamado. Isso é uma questão de postura madura do governo. Alguns pontos foram revistos, mas tem que respeitar o cumprimento da carga horária.
O senhor continua ocupando o cargo de Coordenador de Reestruturação do Governo?
Não. A reestruturação do governo está bem encaminhada. Passada essa fase, e também em virtude da minha atividade profissional bastante intensa, solicitei ao prefeito para que pudesse deixar de atuar nessa condição. Isso não significa que não possa opinar ou prestar alguma informação quando provocado pelo prefeito.
Como analisa as críticas de falta de diálogo do governo?
Os posicionamentos são dados através dos secretários, da secretaria do Governo. O pensamento do governo tem sido sempre pontuado. Posicionamentos contrários não podem ter a desconstrução de que não existe diálogo.