A semana começou, mais uma vez, agitada em Brasília. A divulgação dos diálogos ocorridos em março entre o agora ex-ministro do Planejamento, senador Romero Jucá (PMDB-RR), e o ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado tomaram conta dos noticiários. Nas gravações, Jucá sugere a Machado que uma "mudança" resultaria em um pacto para "estancar a sangria" representada pela operação Lava-Jato.
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O Pioneiro entrou em contato com os dois deputados federais de Caxias do Sul e perguntou como cada um avalia o conteúdo das conversas. Confira:
Mauro Pereira (PMDB)
"Isso aí é resultado das más companhias. O PMDB do Rio Grande do Sul nunca apoiou nem Lula nem Dilma nem ninguém. Mas nós sempre tivemos um grupo do PMDB nacional que apoiava o PT e o Romero Jucá era um, era o líder. Era o homem 100% ligado ao Lula, a Dilma. Foi líder do governo Lula no Senado, foi líder do governo Dilma, foi ministro e, ao mesmo tempo, relator de todos os orçamentos do governo federal ao longo dos anos. O Jucá vivia junto, irmanado com Lula e Dilma e deu no que deu. Ele foi para o governo interino do Temer indicado pelo grupo do Senado, o grupo do PMDB que é o mesmo do (José) Sarney, do Jader (Barbalho), do Renan (Calheiros). Ele é um cara competente em termos de conhecimento. É um dos que mais conhece, tanto é que foi líder do governo Fernando Henrique Cardoso. Só que ele misturou o conhecimento com coisas indevidas e agora vai ter de pagar por isso."
Pepe Vargas (PT)
"Confirma o que a gente vem vendo, que é um golpe que tem como objetivo abafar as investigações sobre corrupção e retirar direitos dos trabalhadores. Por quase a mesma coisa, o (Rodrigo) Janot (procurador-Geral da República) pediu a prisão do Delcídio (do Amaral, ex-senador), porque fica evidente a tentativa de obstrução da Justiça. Tem algumas coisas que precisam ser respondidas. O procurador-Geral da República precisa deixar claro se já tinha acesso a essas gravações ou não. E se teve acesso, encaminhou ao Supremo Tribunal Federal? E quando foi isso? Pelos diálogos colocados, fica evidente que a conversa é anterior à votação do impeachment. E essa gravação chegou ao procurador-Geral da República? E mais uma vez cita o Aécio (Neves, senador do PSDB), quando diz que "quem não conhece o esquema do Aécio". E o Gilmar Mendes vai mais uma vez engavetar as investigações sobre o Aécio? É tudo muito grave. O objetivo não é investigar a corrupção? Que se investigue, ora. Ou ela é seletiva?"