A Vara Judicial da Comarca de Bom Jesus decidiu nesta sexta-feira (23) que Fabiana Ramos Saraiva, 25 anos, Felipe Silveira Noronha, 29, Flávio Silveira Noronha, 33, e José Balduíno Saraiva, 62, serão levados a júri popular. Os quatro réus são acusados de homicídio duplamente qualificado, ocultação de cadáver e fraude processual no caso de Luciano Boeira Melos, 27 anos, desaparecido desde julho do ano passado.
Conforme a decisão, a qual a reportagem teve acesso, os réus permanecem presos preventivamente no Presídio Estadual de Vacaria visto que "não há dúvida da repercussão do fato e da necessidade de se sinalizar acerca da inadmissibilidade de tal conduta, sob pena de deixar transparecer a sensação de impunidade, o que resultaria da liberdade dos acusados antes do julgamento".
De acordo com o promotor de Justiça Raynner Sales de Meira, apesar dos quatro serem réus primários, a "gravidade dos fatos praticados imporão pena privativa de liberdade elevada, em regime fechado, em caso de condenação".
A partir da decisão desta sexta, as defesas dos réus podem recorrer. Depois do recurso, a data de julgamento poderá ser marcada. A reportagem busca contato com a defesa dos acusados. Em caso de manifestação, a matéria será atualizada.
Relembre o caso
No dia 26 de julho de 2023, Luciano Boeira Melos teria arrumado a casa onde morava, na localidade de Hortêncio Dutra, ao lado da residência da mãe, Elisete Boeira. Com a faxina, que fez tanto dentro, quanto fora do local, o caminhoneiro parecia estar esperando alguém. Conforme a família, um comerciante revelou que, naquele dia, ele teria comprado um edredom e dois travesseiros e feito questão de que os itens fossem entregues naquela quarta.
No fim do dia, o caminhoneiro teria pedido para a mãe preparar o jantar e já havia guardado a moto na garagem. Enquanto Elisete dobrava roupas e aguardava o jantar ficar pronto, ouviu o filho sair de moto, sem dizer para onde ia. A mãe diz ter sentido um aperto no peito na mesma hora e começado a enviar mensagens e fazer ligações para o filho, pedindo que ele voltasse para casa.
Segundo Elisete, que recebeu a reportagem do Pioneiro no dia 4 de agosto, ele "saiu para ir ali e já voltar, não saiu com a intenção de não dormir em casa, deixou tudo ligado". Às 19h40min, o caminhoneiro enviou uma mensagem para a mãe dizendo que tinha ido à cidade. Para o irmão, Lucas Silva, Luciano revelou ter ido encontrar com a mulher, na localidade de Caraúno. Esses foram os últimos contatos feitos com a família. Desde então, ele nunca mais foi visto.
Segundo a investigação da Polícia Civil e a denúncia do Ministério Público, a morte do caminhoneiro teria sido previamente combinada em 25 de julho, um dia antes do desaparecimento. Após descobrirem o relacionamento extraconjugal com Luciano, Felipe e José Balduíno, respectivamente marido e pai de Fabiana, teriam combinado com a mulher que ela seria perdoada, desde que o caminhoneiro fosse morto.
No dia 26, Fabiana, que teria concordado com o plano, teria enviado uma mensagem para Luciano pelo Facebook marcando o encontro para resolver o futuro do relacionamento. No local, ela estaria acompanhada de Felipe, Flávio e José. Conforme a denúncia, Luciano teria sido morto por motivo torpe (a traição) e sem poder se defender.