Atualização: esta reportagem foi atualizada com a conclusão do inquérito, divulgada na quinta-feira (28). Quatro suspeitos foram indiciados por homicídio duplamente qualificado.
A Polícia Civil concluiu na quinta-feira (28) o inquérito sobre o caso de Luciano Boeira Melos, 27 anos, que desapareceu há dois meses, em Bom Jesus. Melos foi visto pela última vez no dia 26 de julho, quando saiu de casa, na região de Hortêncio Dutra, para encontrar uma mulher com a qual mantinha um relacionamento. A mulher, o marido, o pai e o cunhado dela estão presos no Presídio Estadual de Vacaria desde o dia 17 de agosto.
O delegado responsável pelo caso, Gustavo Costa do Amaral, afirmou que os quatro suspeitos de envolvimento devem permanecer presos. Após a conclusão, o inquérito ficará a cargo do Poder Judiciário de Bom Jesus.
A Polícia Civil investiga o caso como homicídio qualificado e trabalhava com a hipótese de encontrar Luciano a partir de coordenadas geográficas de dados recuperados em aparelhos celulares dos suspeitos e de testemunhas. Segundo Amaral, os dados não apontaram qualquer possível coordenada que indicasse alguma localização de Melo:
— A gente não conseguiu localizar nada nos celulares, mas existe a possibilidade remota de, mais para frente, a gente conseguir novas informações e encontrar o corpo — afirma o delegado.
Conforme Amaral, as chances de encontrar o caminhoneiro são remotas, principalmente, porque os quatro suspeitos optaram pelo direito de permanecerem em silêncio sobre o caso desde o início. Entretanto, a polícia analisa outras possibilidades que podem indicar o local onde o caminhoneiro está. Essas possibilidades, conforme o delegado, são mantidas sob sigilo.
Últimos momentos antes do desaparecimento
No dia 26 de julho, Luciano fez faxina na casa em que mora, no mesmo quintal da casa da mãe, Elizete Boeira, 45 anos, na região de Hortêncio Dutra. Já passava das 19h quando a mulher ouviu o caminhoneiro saindo de moto e sem dizer para onde ia. Conforme a mãe do homem, momentos antes, ele pediu para ela fazer o jantar e já tinha guardado a moto na garagem, sem ter a intenção de sair de casa naquele dia.
Um comerciante que costuma atender a família revelou que Luciano havia feito um pedido para ser entregue naquela quarta-feira e que teria insistido pelo cumprimento da data de entrega. Eram fronhas de travesseiros e um edredom novos. A família acredita que a faxina e os itens de cama eram sinal de que ele esperava receber alguém em casa.
Assim que ouviu a moto saindo, Elizete, que recebeu a reportagem do Pioneiro no dia 4 de agosto, revelou ter sentido um aperto no peito e começou a ligar e mandar mensagens para o filho no mesmo instante. A última mensagem respondida por ele chegou precisamente as 20h39min. Entretanto, como a região é de pouco sinal de celular, não é possível saber se foi nesse horário que ele tenha, de fato, enviado a mensagem para a mãe.
Entre as últimas conversas que teve com o meio-irmão Lucas Silva, Luciano parecia animado e dizia acreditar que ficaria com a mulher. No caminho até a casa dela, que mora com o marido e os dois filhos na localidade de Caraúno, Luciano enviou uma mensagem em áudio para Lucas.
Na mensagem via WhatsApp, Luciano parece estar em um lugar com bastante ventania e diz "Ai, Teu (apelido de Lucas), bom? Só para te avisar, estou avisando só tu, fica gelo, né?! Eu estou indo lá na casa dela lá, tá? Disse que saiu de casa, que foi para a casa do pai dela, tá? Em Caraúno, tá? E qualquer coisa você sabe aonde eu estou". Por causa do vento, o áudio fica mais nítido com fones de ouvido.