Desde o dia 16 de fevereiro, o magistrado Thiago Dias da Cunha assumiu o 2º Juizado da 1ª Vara Criminal de Caxias do Sul. O cargo está sendo ocupado após um período de aproximadamente cinco anos sem ter um titular fixo. Nesses anos, dois juízes chegaram a assumir, mas já tinham sido convocados em outros cargos, por isso não permaneceram por muito tempo.
O hiato deste período gerou um atraso no andamento de processos criminais em Caxias do Sul. Segundo Cunha, no 2º juizado são 208 julgamentos e 167 audiências para serem pautados. Entre o juiz do 1º Juizado, Regis de Souza Ramalho, 32 anos, e o recém-chegado há um somatório de 413 processos para serem julgados em plenário e 347 para serem instruídos na 1ª fase. Não há critérios para divisão dos casos. Enquanto um juiz avalia uma audiência, paralelamente o outro dá andamento a um júri, por exemplo.
— Organizando a pauta, eu coloco o que tem na mesa e colocamos no calendário. Mas são dois juízes para uma sala de júri, então, temos que ter um espaço de tempo, até pelas novas demandas.
A expectativa de Thiago da Cunha é que leve dois anos para colocar todos os casos em dia, além de dar andamento aos novos processos que surgirem. Os casos de prioridade são os que possuem réus presos, feminicídios e que possuem alguma prioridade regulamentada. Ele destacou que 90% dos processos já estão com o período legal ultrapassado.
Caxias do Sul conta atualmente, além dos dois juízes titulares, com a ajuda do magistrado Enzo Carlo Di Gesu, que atua em Farroupilha. Os magistrados titulares terão dois dias da semana cada, para pautar júris, além de fazer audiências em paralelo. Nas quartas-feiras, semanalmente, Di Gesu, complementa com júris também.
— Não há previsão mas quando for possível serem organizadas as pautas, Caxias do Sul terá júris todos os dias da semana. — acredita Cunha.
Juiz carioca é o primeiro da família a seguir carreira no judiciário
Natural de Nova Iguaçu (RJ), o magistrado de 36 anos já vive no Estado há 14 anos. Começou a carreira em solo gaúcho por Itaqui, na Fronteira Oeste, depois se mudou para a Região Sul, em Pinheiro Machado, São Luiz Gonzaga, nas Missões, e, por último, em Bento Gonçalves, na Serra. O primeiro concurso foi aos 19 anos, ainda na cidade natal, onde trabalhou como técnico judiciário do Tribunal do RJ.
Filho único, Cunha é o primeiro a seguir carreira no Direito. Os pais são proprietários de um pet shop. Ainda na adolescência, ele acompanhava pela TV os trabalhos do Poder Judiciário e se encantou com a profissão.
A chegada em Caxias, assim como nos demais municípios gaúchos, provocou uma adaptação na família do magistrado, agora composta pela esposa e dois filhos. Inclusive, o menino mais novo é gaúcho. A filha adolescente, por sua vez, é carioca. A cultura, alimentação e forma de falar são as curiosidades que mais encantam e trazem dificuldade ao núcleo familiar.
—A intenção é ficar, aqui é a entrância final, em tese é o penúltimo nível da carreira, antes do Tribunal. A intenção é permanecer e colocar a casa em ordem.
O juiz salienta que cada julgamento tem que ser relembrado o envolvimento de vidas. Ele analisa que há dois lados de uma moeda, ao mesmo tempo que é necessária uma celeridade nos casos, há um cuidado para que cada caso seja tratado de forma humana.