O Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul manteve a condenação de Roseli de Fátima Pedroso, 43 anos, e de Cleverson Alves de Moura, 31. Eles foram responsabilizados pelo assassinato do metalúrgico Ivanildo José Araldi, 43, em 2014, em Caxias do Sul. O júri do caso ocorreu no dia 23 de junho de 2021. Na ocasião, os réus foram sentenciados por homicídio qualificado por motivo torpe, recurso que dificultou a defesa da vítima e ocultação de cadáver. Tanto as defesas da dupla quanto a acusação apelaram da decisão. Contudo, em fevereiro deste ano, o desembargador Sylvio Baptista Neto, da 1ª Câmara Criminal, manteve a pena de Roseli em 17 anos e quatro meses de reclusão. Moura, réu confesso do crime e que foi sentenciado a 16 anos e três meses de prisão, também não teve alteração na decisão inicial.
Como o caso transitou em julgado, a Justiça determinou recentemente a prisão de Roseli — até a publicação desta reportagem, ela seguia em liberdade. Já Moura, após o júri, continuou recolhido em prisão preventiva na Penitenciária Estadual do Jacuí.
O advogado de Roseli, Elias Rafael Coutinho de Freitas, informou à reportagem que irá apelar ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) e o Supremo Tribunal Federal (STF), através de revisão criminal, além do pedido liminar para que se suspenda a execução do mandado de prisão.
Sobre a situação de Moura, a Defensoria Pública informa que irá se manifestar apenas nos autos do processo.
Relembre o caso
Crime de grande repercussão à época, o metalúrgico Araldi desapareceu no início da noite de 11 de dezembro de 2014, quando foi abordado na porta de casa por dois homens armados no loteamento Paiquerê, na região do bairro São Victor Cohab. Inicialmente, o caso aparentava ser um assalto. O veículo da vítima, uma EcoSport, foi depenado e abandonado em São Leopoldo. O corpo de Araldi foi encontrado por um agricultor no dia 3 de janeiro, na zona rural de Caxias do Sul.
Segundo a denúncia do Ministério Público (MP), no dia do crime, Roseli buscou a filha na escola, o que geralmente era feito pelo marido. Araldi, então, estaria sozinho no momento do ataque. Moura e outros dois comparsas, que não foram identificados na investigação, prepararam a emboscada na frente da casa da vítima. Araldi foi rendido com uso de arma de fogo, colocado no banco de trás do carro e levado até a estrada velha para Flores da Cunha. A vítima foi obrigada a desembarcar em uma área de densa vegetação e foi morto com um tiro na nuca.
Moura foi preso no dia 5 de janeiro de 2015, no bairro Parque Oásis, após a Brigada Militar receber uma denúncia anônima. Na noite daquele mesmo dia, Roseli foi presa temporariamente pela Polícia Civil como suspeita de ser a mandante da morte do marido.
Sobre a motivação do assassinato, a denúncia aponta que Roseli desejava terminar a relação, por isso, planejou o homicídio. Moura aceitou executar o assassinato e, como pagamento, ficaria com o automóvel da vítima. Durante interrogatório, Moura confessou o homicídio.
Ele relatou que conheceu Roseli dias antes dos fatos e alegou que o crime foi por amor. Também disse que ficou com o carro da vítima e o vendeu em São Leopoldo. Roseli, por sua vez, permaneceu em silêncio durante o interrogatório.