O motorista, 72 anos, que dirigia o Gol que arrastou Angélica Schena, 28, por mais de um quilômetro na noite de domingo (27), em Caxias do Sul, manteve, em audiência de custódia, a versão que ele já havia relatados para as autoridades logo após o fato. De acordo com o advogado de defesa, Lucas Mohr, o homem diz que não conhecia Angélica e que foi surpreendido por ela. O investigado foi preso em flagrante naquela noite e teve, nesta terça-feira (29), a liberdade provisória concedida pela Justiça. A mulher morreu ainda na noite de domingo.
Conforme o relato do motorista ao advogado, por volta de 19h30min de domingo, ele voltava da chapeação de um amigo. O homem teria ido ao local para conversar sobre o conserto do carro da filha e negociar o preço do serviço. Ao deixar o local, o idoso diz que foi abordado por Angélica no cruzamento da Rua Bento Gonçalves com a Rua José do Patrocínio, no bairro Marechal Floriano.
Ainda de acordo com o advogado, o suspeito acreditou que fosse um assalto, por considerar o local perigoso. Primeiro, segundo a versão do motorista, Angélica teria tentado entrar no carro. Sem conseguir, conforme o relato do condutor ao advogado, ela acabou se prendendo ao veículo. O idoso ainda teria se assustado com motoboys que se aproximaram para pedir que ele parasse o veículo. Em determinado momento do trecho, o condutor também não teria mais conseguido identificar se Angélica ainda estava presa ou não no veículo.
— O que estamos alegando é que está mais caracterizado por homicídio culposo do que doloso. Ele não tinha a intenção de matar ela — explica Mohr.
A investigação da Polícia Civil aponta que o condutor dirigiu por mais de um quilômetro com o corpo de Angélica para fora do carro, o que provocou as graves lesões no lado direito do corpo da mulher, principalmente no pé, que foi parcialmente amputado. O veículo só parou ao colidir com um carro estacionado em frente a um posto de combustíveis, na Rua Cristóforo Randon, também Marechal Floriano
Na versão do investigado, a mulher não teria conseguido entrar no veículo. A defesa reafirma que o suspeito não tinha nenhuma relação com a vítima.
— Ele disse que não teve nenhum envolvimento com ela e que não conhecia ela até então. Ele nunca tinha visto ela — relata o advogado.
Liberdade provisória
A defesa do motorista explica que a liberdade provisória foi baseada nos pressupostos pessoais e processuais, sem entrar no mérito da investigação. Neste caso, levando em conta o suspeito não ter antecedentes criminais e o estado clínico dele, já que ele declara ter problemas de saúde, como no coração.
Na decisão judicial, a liberdade provisória foi concedida mediante o cumprimento de medidas cautelares, incluindo o recolhimento domiciliar entre 20h e 7h, e também aos finais de semana; e a suspensão do direito de dirigir. A decisão exige, ainda, que ele mantenha endereço atualizado, compareça aos atos do processo e não se ausente da comarca sem prévia autorização.
As circunstâncias da morte de Angélica ainda são apuradas pela Delegacia de Polícia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DPHPP), sendo o motorista do carro o principal alvo da investigação, que trata o caso como homicídio qualificado. O titular do inquérito, delegado Caio Fernandes, tem mantido em sigilo as informações levantadas pelos investigadores. A previsão dele é de que a apuração seja concluída dentro de 10 dias.