O laudo do exame médico feito em uma mulher de 31 anos, que disse ter sido estuprada e jogada em cima de uma fogueira durante uma festa, no dia 1º de outubro, em Gramado, apontou múltiplas equimoses (rompimento de vasos sanguíneos mais superficiais da pele, que provocam manchas roxas).
Ainda conforme o delegado Gustavo Barcellos, responsável pela investigação, a perícia aponta que a vítima tinha lesões especialmente nas pernas, além de queimaduras de 2º grau no peito (seios) e nas pernas. Ela também tinha escoriações na mão esquerda. Ao todo, sete homens são suspeitos de envolvimento no caso. Também foi coletado material genético para confrontação de DNA, se for preciso, segundo a polícia. Uma segunda mulher também teria sido vítima.
— O laudo demonstra que ela (a mulher de 31 anos) manteve relação sexual recente. Isso é analisado em conjunto com o restante da prova. O laudo não tem nem como dizer que a relação sexual foi no dia do fato. O laudo demonstra que houve relação sexual recente e que ela apresentava sim queimaduras de 2º grau e também lesões traumáticas, equimoses e escoriações — destaca o delegado Barcellos.
À polícia, a mulher de 31 anos alega ter sido empurrada na fogueira por um dos participantes e agredida com pontapés por outro. Também relatou lembrar de ter mantido relações sexuais com um terceiro participante dessa confraternização.
— As duas (mulheres) alegam que estavam bastante embriagadas e que não recordam de muitas coisas — relata o delegado, que não descarta a hipótese de um estupro coletivo.
A outra vítima, de 36 anos, não detalhou os fatos no dia do registro da ocorrência e, quando foi até a delegacia, estava com um advogado. Na ocasião, a mulher informou que não queria que a investigação prosseguisse em relação a ela. Porém, como aos crimes investigados cabem ação penal pública incondicionada, ou seja, que não precisa de autorização de ninguém para oferecer a denúncia, a polícia dará continuidade ao inquérito independentemente da vontade da vítima.
Ainda segundo o delegado, os sete suspeitos investigados pelo crime já foram interrogados e negaram as agressões. Ele negam, inclusive, terem mantido relação sexual com as vítimas e alegam que as mulheres estavam embriagadas.
— Todos afirmaram que nenhum deles presenciou ou praticou relação sexual com as mulheres. Também negam agressões físicas e afirmam que a vítima caiu nessa fogueira, que, na verdade, era um caldeirão que eles fizeram fogo. Eles também dizem que se prontificaram a levá-las ao hospital e elas, naquele momento, não quiseram, então levaram elas embora — detalha o delegado.
Os sete homens são suspeitos da autoria — de forma direta ou indireta — dos fatos que teriam ocorrido durante uma confraternização em um sítio particular, na zona rural do município. A confraternização teria se iniciado ainda durante o dia, estendendo-se até a noite daquele sábado. A denúncia na polícia foi feita na madrugada de domingo (2). As vítimas afirmaram que estavam embriagadas e que, por isso, não recordam de todos os acontecimentos. Conforme o delegado afirmou à reportagem na última terça-feira (11), a investigação apura todas as possibilidades, inclusive a de que possa ter havido estupro coletivo.