A Polícia Civil pretende concluir dentro de 30 dias o inquérito que foi aberto em Gramado após registro de um caso de agressão e estupro feito por meio de boletim de ocorrência por duas mulheres de 31 e 36 anos. Segundo o delegado Gustavo Barcellos, que conduz a investigação, sete homens são suspeitos da autoria — de forma direta ou indireta — dos fatos que teriam ocorrido no dia 1º de outubro, durante uma confraternização em um sítio particular, na zona rural do município. No registro feito na madrugada de domingo (2), as vítimas afirmaram que estavam embriagadas e que, por isso, não recordam de todos os acontecimentos. Uma delas, de 36 anos, afirmou ter sido agredida por pelo menos três participantes, sendo que um deles chegou a jogá-la em uma fogueira.
— Ela alega ter sido empurrada na fogueira por um dos participantes, agredida com pontapés por outro, e lembrava de ter mantido relações sexuais com um terceiro participante dessa confraternização. As duas alegam que estavam bastante embriagadas e que não recordam de muitas coisas — relata o delegado, que não descarta a hipótese de um estupro coletivo.
— A investigação apura todas as possibilidades, inclusive a de que possa ter havido estupro coletivo. Se ao final da apuração ficar caracterizado, pode haver um indiciamento referente a isso, mas esta é uma das hipóteses apuradas. A vítima afirma que manteve relação com apenas um integrante da festa, se só isso ficar provado, não se trata de estupro coletivo. Estamos apurando todas as possibilidades — completa.
Segundo ele, a outra vítima, de 31 anos, não detalhou muitos fatos no momento do registro. Quando chamada novamente à delegacia, compareceu acompanhada por um advogado e manifestou que não queria que a investigação prosseguisse em relação a ela. O delegado ressalta, porém, que aos crimes investigados cabem ação penal pública incondicionada, o que significa que a polícia deve dar continuidade independentemente da vontade da vítima.
Ainda conforme o delegado, elas alegaram que eram as únicas mulheres presentes no local e que conheciam alguns dos homens que estavam no evento. A confraternização teria se inciado ainda durante o dia, estendendo-se até a noite daquele sábado.
— Elas estavam morando juntas e foram levadas para casa (após os fatos relatados) por dois dos participantes da festa. Inclusive o proprietário do sítio levou uma, e um outro participante levou a outra — afirmou o delegado.
No momento do registro, elas apresentavam lesões corporais, sendo que uma delas estava com queimaduras aparentes. Barcellos afirma que ambas já tinham passado por atendimento e foram encaminhadas aos exames de corpo de delito e identificação de violência sexual, cujos resultados devem ficar prontos nesta semana.
Dos sete homens, que já foram identificados, quatro foram ouvidos até o momento, entre eles o proprietário do sítio, que compareceu voluntariamente à delegacia. Detalhes sobre a identificação deles ou mesmo as atividades profissionais que exercem na cidade não foram repassados pela polícia, que preserva estas informações tendo em vista que são considerados suspeitos e não autores dos crimes alegados pelas vítimas. Barcellos afirma que, até o momento, não foi identificado nenhum tipo de intimidação ou coação por parte dos envolvidos às vítimas e que o inquérito seguirá agora com a coleta de provas e demais interrogatórios, analisando também o resultado das perícias.
— A gente depende da perícia, mas acreditamos que conseguiremos tudo ainda antes do prazo de 30 dias. Se não houver esta possibilidade, solicitaremos prorrogação, porque nosso objetivo é esgotar todos os meios de prova e esclarecer completamente estes eventos — completou.