“Meiga” e com “o olhar tímido”. É dessa forma que a comunidade da Escola Municipal de Ensino Fundamental Basílio Tcacenco lembrará de Vitória Lohana da Silva Gonçalves, nove anos. A menina foi assassinada junto com os pais, Antônio Joacir Tomás Gonçalves, 48 anos, e Juliana dos Santos da Silva, 33, na noite de quinta-feira (16), quando a família foi alvo de um ataque a tiros na frente de casa, no bairro Esplanada. De acordo com a Polícia Civil, a motivação do crime seria uma vingança entre famílias, que disputavam o controle de pontos de tráficos de drogas há anos.
Vitória estava matriculada na 3ª série do ensino fundamental. Neste ano, com a volta das aulas presenciais, a menina estava sendo alfabetizada, aprendendo a distinguir letras e números. Ela tinha “muita vontade de aprender" e era “muito interessada”. Além disso, não tinha vergonha de tirar as dúvidas com a professora.
— Por conta dos dois anos de pandemia, o terceiro ano é um ano que foi muito ‘judiado’. Eles pegaram o primeiro ano com a pandemia, e aí veio o segundo ano e as aulas presenciais vieram quase só no final do ano, a partir de setembro. Ela foi uma criança que pegou esse período. O processo está sendo feito aos poucos, então ela também estava participando — explica a diretora da EMEF Basílio Tcacenco, Rosinere Hoffmann, 41.
Com vontade de aprender, a menina estava em uma turma com cerca de 25 alunos, e a diretora relata que ela sempre foi acolhida por todos, bem como pela comunidade escolar.
— Ela tinha esse jeito meigo, muito querida e tinha um olhar tímido. Eu percebia que ela olhava de olho baixo, meio envergonhada, então era mais quieta. Mas, ao mesmo tempo, interagia com os colegas da turma e com a professora também. Era bem tranquila. Nas brincadeiras, ela participava e interagia super bem com a turminha. Foi realmente uma perda, que como comunidade escolar vamos sentir muito — descreve a diretora, que lembra Vitória também como uma menina “sorridente”.
Vitória tinha uma irmã e dois irmãos — um deles, de 10 anos, foi morto em junho de 2021, supostamente também por conta da rivalidade entre as famílias. Ao Pioneiro, o delegado da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), Caio Marcio Fernandes, afirma que os irmãos são “vítimas colaterais” desta disputa.
— Sentimos bastante porque era uma menina muito querida, que poderia ter um futuro em que podia almejar algumas oportunidades — lamenta a diretora.