A Polícia Civil de Garibaldi divulgou nesta quarta-feira (2) a conclusão das investigações que apontaram três homens como supostos responsáveis pela agressão ao jornalista Daniel Carniel, 42 anos. No começo da tarde do dia 14 de janeiro, uma sexta-feira, Carniel chegava para apresentar seu programa diário na TV Adesso quando foi agredido com chutes e socos por um homem que o aguardava na recepção. Apesar de a motivação não ficar totalmente esclarecida no inquérito, uma hipótese é de que o ato seria uma represália a reportagens veiculadas por Carniel, segundo relatou um dos indiciados no caso.
Com o auxílio de câmeras de segurança e mandados de busca e apreensão nos municípios de Farroupilha e Carlos Barbosa, a Polícia Civil chegou aos nomes de três suspeitos: o mandante, o agressor e o motorista que o levou a até a portaria da TV Adesso. Apesar de a Polícia Civil não ter divulgado a identidade deles, a reportagem apurou que o suspeito de ser o mandante da agressão é Micael Carissimi, 34. Ele foi secretário de Administração em Garibaldi de 2013 a 2016 e secretário de Obras da cidade em 2017.
Segundo o titular da delegacia de Polícia Civil de Garibaldi, delegado Clóvis Rodrigues de Souza, não se chegou a uma conclusão definitiva sobre razão para o ataque porque o suposto mandante da agressão se manteve em silêncio quando chamado para depor.
O homem apontado como agressor, de 21 anos, confirmou em depoimento que teria recebido R$ 500 para agredir o jornalista. Conforme Clóvis, o suspeito não soube precisar a motivação. Por meio dele, a Polícia Civil chegou ao homem que teria recebido R$ 1,5 mil para realizar o transporte até o local de trabalho de Carniel na tarde de 14 de janeiro. Foi esse suspeito que relatou a possível represália aos conteúdos jornalísticos produzidos por Carniel.
Os três suspeitos foram indiciados por lesão corporal. A delegacia não informou quando o inquérito seria encaminhado à Justiça. Nos próximos dias o jornalista irá realizar novos exames para comprovar quais foram os níveis das lesões sofridas.
O delegado Clóvis reiterou à imprensa que o livre exercício de qualquer atividade profissional é um direito do cidadão.
— Não estamos em uma cidade de bárbaros, não temos que ter medo de nada, o compromisso de cada profissional é fazer as coisas certas e com transparência.
Pouco antes do início da coletiva de imprensa para detalhar a conclusão do inquérito em Garibaldi, a defesa de um dos investigados ingressou com um mandado de segurança que impediria a divulgação do resultado da investigação. O pedido de liminar foi indeferido pelo juiz Gerson Martins da Silva.
CONTRAPONTO
Ricardo de Oliveira Silva, advogado de Micael Carissimi, negou que o seu cliente tenha envolvimento com o caso e disse que irá se pronunciar apenas em juízo. A reportagem não conseguiu localizar os defensores dos outros suspeitos.
RELEMBRE O CASO
:: Câmeras de segurança de um estabelecimento vizinho registraram o suspeito e outro homem esperando Carniel chegar ao local de trabalho em Garibaldi.
:: Na imagem, dois homens — um com roupas, máscara e boné pretos e outro com camisa cinza, boné preto e branco e uma mochila — aparecem sentados na calçada em frente à TV Adesso. O rapaz de mochila se levantou e saiu. Apenas o homem de roupas pretas permaneceu no local. Ele mexe no celular, aparenta conversar com alguém, e adentra à recepção. Um terceiro homem passa pelo local, faz uma pausa, e depois segue caminhando.
:: O relógio marcava 12h47min quando Daniel Carniel chegou à TV Adesso, onde apresenta o programa Prato Limpo, que se inicia às 13h. Cerca de 10 segundos depois, o homem de roupas pretas saiu correndo de dentro do prédio. Na sequência, Carniel apareceu na porta e foi até a calçada, com o rosto ensanguentado, pedindo ajuda.
— Ele veio e me perguntou quem era o Daniel Carniel. Quando disse que era eu, ele já me deu um soco no rosto. Eu me esquivei do segundo soco e ele acertou meu ombro. Nisso, ele me deu um chute e eu caí no chão. Quando eu caí, ele começou a me dar chutes e socos. Sorte que eu protegi a cabeça. Quando eu consegui me levantar e fui pra cima dele, ele correu — contou o jornalista na ocasião.
:: Com o rosto coberto de sangue, Carniel entrou ao vivo no programa e denunciou a agressão. Na sequência, o apresentador foi conduzido ao Hospital Beneficente São Pedro, em Garibaldi, para receber atendimento médico. O jornalista recebeu 10 pontos internos e externos na boca e ficou com diversos hematomas pelo corpo. Ele também precisou de atendimento odontológico.