Micael Carissimi, suspeito de ser o mandante da agressão contra o jornalista Daniel Carniel, em Garibaldi, foi exonerado do cargo de assessor especial que ocupava na Assembleia Legislativa. A informação foi publicada no Diário Oficial da Assembleia Legislativa na segunda-feira (31). Ele, um motorista e o agressor foram indiciados por lesão corporal pela Polícia Civil. A conclusão do inquérito foi divulgada em coletiva de imprensa realizada na Delegacia de Polícia da cidade na quarta-feira (2).
Antes de estar lotado no Poder Legislativo gaúcho, Carissimi exerceu as funções de secretário de Obras e Administração na prefeitura de Garibaldi de 2013 a 2017.
Carniel foi agredido no rosto por um homem logo após chegar no local de trabalho na tarde de 14 de janeiro. Por meio de imagens de câmeras de segurança, a Polícia Civil chegou aos três suspeitos de envolvimento no ataque. O homem apontado como agressor, de 21 anos, confirmou em depoimento que teria recebido R$ 500 para agredir o jornalista. Conforme Clóvis, o suspeito não soube precisar a motivação. Por meio dele, a Polícia Civil chegou ao homem que teria recebido R$ 1,5 mil para realizar o transporte até o local de trabalho de Carniel.
Segundo o titular da delegacia de Polícia Civil de Garibaldi, delegado Clóvis Rodrigues de Souza, não se chegou a uma conclusão definitiva sobre a razão do ataque contra o jornalista porque o suposto mandante da agressão se manteve em silêncio quando chamado para depor. Um dos indiciados no caso, porém, revelou em depoimento que as motivações de Carissimi teriam origem em reportagens veiculadas por Carniel.
CONTRAPONTO
Ricardo de Oliveira Silva, advogado de Micael Carissimi, negou que o seu cliente tenha envolvimento com o caso e disse que irá se pronunciar apenas em juízo. A reportagem não conseguiu localizar os defensores dos outros suspeitos.
RELEMBRE O CASO
:: Câmeras de segurança de um estabelecimento vizinho registraram o suspeito e outro homem esperando Carniel chegar ao local de trabalho em Garibaldi.
:: Na imagem, dois homens — um com roupas, máscara e boné pretos e outro com camisa cinza, boné preto e branco e uma mochila — aparecem sentados na calçada em frente à TV Adesso. O rapaz de mochila se levantou e saiu. Apenas o homem de roupas pretas permaneceu no local. Ele mexe no celular, aparenta conversar com alguém, e adentra à recepção. Um terceiro homem passa pelo local, faz uma pausa, e depois segue caminhando.
:: O relógio marcava 12h47min quando Daniel Carniel chegou à TV Adesso, onde apresenta o programa Prato Limpo, que se inicia às 13h. Cerca de 10 segundos depois, o homem de roupas pretas saiu correndo de dentro do prédio. Na sequência, Carniel apareceu na porta e foi até a calçada, com o rosto ensanguentado, pedindo ajuda.
— Ele veio e me perguntou quem era o Daniel Carniel. Quando disse que era eu, ele já me deu um soco no rosto. Eu me esquivei do segundo soco e ele acertou meu ombro. Nisso, ele me deu um chute e eu caí no chão. Quando eu caí, ele começou a me dar chutes e socos. Sorte que eu protegi a cabeça. Quando eu consegui me levantar e fui pra cima dele, ele correu — contou o jornalista na ocasião.
:: Com o rosto coberto de sangue, Carniel entrou ao vivo no programa e denunciou a agressão. Na sequência, o apresentador foi conduzido ao Hospital Beneficente São Pedro, em Garibaldi, para receber atendimento médico. O jornalista recebeu 10 pontos internos e externos na boca e ficou com diversos hematomas pelo corpo. Ele também precisou de atendimento odontológico.