Caxiense, nascido no Pompéia, casado com Analise, 41 anos, pai de Augusto, 4, o major Wagner Carvalho dos Santos, 41 anos, assumiu na quarta-feira (12) o cargo de subcomandante do 12º Batalhão de Polícia Militar (12ºBPM) de Caxias do Sul. Ele é o segundo no comando e estará ao lado do novo comandante, major Emerson Ubirajara de Souza, 49, que assumiu o cargo no final abril. De acordo com levantamento da BM, ele é o primeiro oficial natural do município a assumir o comando da segunda maior cidade do Rio Grande do Sul.
Bem humorado, ele atendeu à imprensa na sala nova do batalhão, que fica no bairro Kayser, região que conhece desde que nasceu. Achou graça quando a repórter disse que o 12º BPM seria comandando pela dupla Gre-Nal, uma vez que ele é gremista e o comandante Ubirajara torce para o Internacional.
— Sou gremista e faço natação a bastante tempo. Quando estou de folga gosto de jogar futebol, correr e praticar outros esportes — contou o subcomandante.
Antes de assumir o cargo, ele exercia a função de chefe do Setor de Logística, Patrimônio e Financeiro do Comando Regional de Polícia Ostensiva da Serra. A paixão pela BM começou ainda na infância. Os pais dele, Vasco, metalúrgico aposentado, e Elza, costureira, ainda moram na região onde fica o batalhão. Vasco é natural de Rio Pardo e Elza de Esmeralda. Eles se conheceram em Caxias do Sul, casaram e tiveram dois filhos: Wagner e Luciano, 40.
Proximidade com policiais na infância
Carvalho conta que em frente a casa deles morava um policial militar que convidou Vasco para participar da fundação de um Centro de Tradições Gaúchas (CTG), que ficava ao lado do batalhão. Ele frequentava o CTG e conheceu vários oficiais, que se tornaram amigos do pai dele:
— Eu dançava no CTG e conversava com os oficiais, que me incentivavam a ingressar na BM. Eles sempre me diziam para estudar.
O major seguiu os conselhos e se dedicava aos estudos em escolas públicas. Carvalho estudou nos colégios estaduais Olga Maria Kayser, no Kayser, Henrique Emílio Meyer, no bairro Exposição, e Cristóvão de Mendoza, no Cinquentenário. Formado em Direito pela Universidade de Caxias do Sul (UCS) em 2004, ele conta que a paixão pelo CTG ajudou a pagar as mensalidades do curso.
— Tive uma história dentro do CTG que também ajudou na minha formação. Naquela época aprendi a tocar acordeon e me tornei músico. Eu era renumerado e tocava nas invernadas e isso me ajudou a pagar o meu curso — afirma.
A escolha pelo Direito veio da vontade que tinha desde a infância sobre a profissão que iria seguir. Ele lembra que aos 14 anos já tinha certeza sobre como realizar seu sonho, tanto que atuou como advogado por um curto período.
— Meu sonho era ser oficial da BM. Eu escolhi a faculdade de Direito com foco no concurso da Brigada Militar. Nem cheguei a fazer concurso para delegado. Fiz alguns outros concursos para ir pegando experiência, e 15 dias antes de fazer a prova para a BM eu entrei em férias e estudava dia e noite para passar. Eram 50 vagas e me classifiquei em 22º — lembra, com orgulho.
Ele suspendeu a inscrição na Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) porque é incompatível com a função de PM. O concurso foi em 2006, dois anos após ter se formado em Direito, e em 2008, depois de concluir o Curso Superior de Policia Militar (CDPM), Carvalho se tornou capitão.
— Me formei no curso em 2008 e fui comandar a BM de São Marcos. Acredito que fiz um bom comando lá porque sempre sou lembrado, tive bons relacionamentos em uma época em que a comunidade ajudava ainda mais a BM porque faltavam recursos. Hoje evoluiu bastante, mas naquela época precisávamos de ajuda até para abastecer as viaturas.
Ele foi promovido a major em 2019 e fala sobre a nova função:
— De 2010 a 2020 voltei para Caxias do Sul e comandei todas as companhias, o que me proporcionou experiência. Também tenho um bom relacionamento com a tropa e estou ciente da responsabilidade de assumir esse cargo. Estarei ao lado do major Ubirajara e ele tem uma experiência muito boa e tem sido muito elogiado pela trajetória em Nova Hamburgo.
Ubirajara, inclusive, será promovido nos próximos dias a tenente-coronel.
Major foi baleado por assaltantes de carro-forte em 2009
Em março de 2009, um ataque a carro-forte deixou dois PMs feridos em São Marcos. Um deles era o então capitão Wagner Carvalho dos Santos, comandante da BM da cidade. Ele ficou ferido no joelho, e o soldado Aparício Bonato foi baleado nas costas e no braço.
A tentativa de assalto aconteceu por volta das 19h, quando uma caminhonete S-10 foi jogada contra um carro-forte da Brinks. Assim que chegaram para atender a ocorrência, os dois foram baleados pelos criminosos.
— Foi um tiro de fuzil — lembra o major.
Comandantes de outras cidades
Caxias do Sul, por ser um polo metal mecânico e a segunda maior cidade do RS, atraiu policiais de fora do município. De acordo com a BM, são poucos caxienses na corporação se comparado ao número de PMs de outras cidades gaúchas.