A investigação sobre um dos maiores esquemas criminosos de furtos de veículos e extorsões na Serra resultou em oito pessoas condenadas a uma pena que, se somada, chega a 94 anos de prisão. A Operação Vida Fácil foi deflagrada em 2017 em Caxias do Sul e desarticulou uma quadrilha suspeita de ter movimentado mais de 1 mil automóveis em quatro anos.
Foram três anos e três meses de processo na 3ª Vara Criminal de Caxias do Sul até a publicação da sentença no último dia 5 de abril. Além dos oito condenados, outros três réus foram absolvidos. A decisão em primeira instância ainda determina a restituição de mais de R$ 59 mil para sete vítimas que não tiveram os bens recuperados durante a investigação.
O trabalho policial comprovou 20 crimes cometidos por Luís Fernando dos Santos Silva, 31 anos, descrito como líder do bando. Ele foi condenado em 15 acusações de receptação de veículo furtado e quatro de extorsões, além de promover organização criminosa. A pena total ficou em 41 anos, 11 meses e 20 de reclusão.
A Operação Vida Fácil foi uma resposta da Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco) em função da quantidade de furtos de veículo seguidos de extorsões na Serra. Após conseguirem os automóveis, furtando ou por meio de repasses entre criminosos, os bandidos procuravam as vítimas e exigiam pagamentos para devolver os veículos.
Alguns números de telefone usados por criminosos se repetiam em diversas ocorrências — a Draco identificou 47 sequências telefônicas utilizadas em extorsões em 2017. As semelhanças do modo de agir dos bandidos também indicavam um crime organizado. As investigações, ainda naquele ano, levaram os policiais a conseguirem um mandado de busca na casa de Luís Fernando, quando foi apreendida uma caminhonete e documentos de outros veículos furtados.
A análise de um celular do suspeito possibilitou aos agentes da Draco identificarem o esquema criminoso, comprovando a divisão de tarefas entre os réus. O aparelho, utilizado basicamente para extorsões, possuía fotos dos veículos furtados, mensagens para vítimas e contatos com demais integrantes da organização. As conversas interceptadas evidenciavam Luís Fernando como o líder desta quadrilha.
Em depoimento judicial, o réu sustentou que o celular apreendido havia sido comprado poucos dias antes da prisão e que não havia deletado o conteúdo do aparelho. Sobre as outras apreensões, ele defendeu que a garagem da sua casa era alugada para outra pessoa. Na sentença de 125 páginas, o juiz Rudolf Carlos Reitz apontou a extensa lista de antecedentes criminais e condenações por crimes ao patrimônio dos réus.
A investigação também comprovou a ligação do esquema criminoso liderado por Luís Fernando com uma quadrilha de furtos e roubos de veículos na Região Metropolitana. O nome à frente desse grupo aliado seria Everson Fernando da Silva, também condenado neste processo. Ele foi alvo da 19º Delegacia de Polícia de Porto Alegre, mas, mesmo de dentro de um presídio, mantinha conversas constantes com Luís Fernando.
Após a condenação, a Justiça determinou a prisão do réu David da Rosa, 31, que não foi encontrado. Ele é considerado foragido. Quem tiver informações sobre o réu condenado pode informar diretamente à Draco pelo aplicativo Whatsapp no número (54) 98432-9312.
Condenados na Operação Vida Fácil:
1) Luís Fernando dos Santos Silva, 31: pena de 41 anos, 11 meses e 20 dias de reclusão pelos crimes de receptação, extorsão e promover organização criminosa.
Situação: preso
2) Leandro Júnior Ribeiro de Oliveira, 30: pena de nove anos, 10 meses e 20 dias de reclusão por receptação e promover organização criminosa.
Situação: em liberdade
3) Roseli da Rosa, 54: pena de oito anos e dois meses de reclusão por promover organização criminosa.
Situação: preso
4) David da Rosa, 31: pena de sete anos e sete meses de reclusão por promover organização criminosa.
Situação: foragido
5) Rogério da Rosa, 28: pena de sete anos de reclusão por promover organização criminosa.
Situação: preso
6) Jean Mavôr Rodrigues, 28: pena de sete anos de reclusão por promover organização criminosa.
Situação: em liberdade
7) João Volnei Macedo dos Santos, 56: pena de cinco anos e três meses de reclusão por promover organização criminosa.
Situação: em liberdade
8) Everson Fernando da Silva, 40: pena de oito anos, sete meses e 25 dias de reclusão por promover organização criminosa.
Situação: preso