A não apresentação do réu Robson Ferreira da Silveira, 26 anos, levou ao cancelamento da audiência sobre a chacina no Beco da Esperança, em Caxias do Sul. A sessão estava marcada para esta terça-feira (18). O acusado está recolhido na Penitenciária Estadual do Jacuí e seria trazido à Serra pela Superintendência dos Serviços Penitenciários (Susepe). Contudo, a 1ª Vara Criminal foi informada na tarde de segunda-feira que o transporte não seria possível.
De acordo com a Assessoria de Imprensa da Susepe, todas as viaturas disponíveis estavam levando detentos para audiências e, como o volume era maior em outras regiões, não havia efetivo para transportar o réu para Caxias do Sul. A assessoria informa que foram levados 58 presos para audiências em todo o estado na manhã desta terça-feira (18).
Na decisão de cancelar a audiência, a magistrada Milene Fróes Rodrigues Dal Bó considera que está atuando na 1ª Vara Criminal como juíza substituta e que não poderia reagendar a sessão, pois sua jurisdição se encerra em uma semana.
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Silveira e Wilson de Oliveira de Lima, ambos de 19 anos, são acusados de matar quatro pessoas, incluindo uma grávida de oito meses, no Beco da Esperança, no bairro Planalto, na noite de 2 de agosto de 2018. A investigação ainda apontou a participação de um menor de idade na época.
Uma denúncia anônima, que foi incluída no processo, deu detalhes daquela noite. Na ocasião, os dois casais estariam participando de um churrasco com outras três pessoas quando quatro homens se aproximaram. O primeiro a ser assassinado foi José William Oliveira Machado, 23, que estava sentado e foi alvejado na cabeça.
Na sequência, de acordo com o relato anônimo, foram mortos Emerson Luiz da Cruz Ferreira, 39, e Cassia Valadão dos Santos, 21, que estava grávida de oito meses. As outras pessoas foram ordenadas a fugir, mas Tatiane Vidal dos Santos, 19, teria retornado para buscar a filha e, por isso, foi baleada e morreu.
De acordo com a Polícia Civil, a chacina fez parte de uma sequência de ataques homicidas entre duas facções rivais que resultaram em 13 assassinatos entre julho e o início de agosto do ano passado. Os crimes aconteciam, principalmente, nos bairros Planalto e Primeiro de Maio, que são os territórios originais das duas organizações criminosas que disputam o domínio sobre a venda de drogas em Caxias do Sul. Naquela mesma noite, outras duas pessoas foram assassinadas.
A denúncia anônima confirma que o beco era um ponto de venda de drogas ligados a facção que atua no bairro Planalto e que a chacina foi uma resposta a execução de Maicon Antônio Kuver, 17 anos, no bairro Primeiro de Maio, três dias antes, que foi a mando da facção que as vítimas da chacina teriam relação.