A declaração do presidente da CIC de Caxias do Sul, Ivanir Gasparin, de que lockdown para a Serra Gaúcha, como sugerido por George Hallal, reitor da Ufpel, a Universidade Federal de Pelotas, é utopia lembra o prefeito de Milão, que falou que sua cidade não podia parar. Foi aquilo que se viu: oito semanas de lockdown na Itália, e a Espanha seguiu o exemplo. Um lockdown para o Estado também é defendido pela Sociedade Rio-grandense de Infectologia.
Quando a água bater na boca, isto é, quando o sistema de saúde entrar em colapso – tomara que não entre –, o lockdown será a tábua de salvação, o colete salva-vidas. Como foi na Itália.
Pandemia se dá pela disseminação do contágio – no caso da covid-19, entre pessoas. Evitar o contágio de pessoas, ou colocar dificuldades a ele, por óbvio, é um remédio eficaz e certeiro para barrar a propagação. Lockdown é como cirurgia: você pode protelar, e o problema tende a se estender e se agravar. Ou encara e faz a intervenção. Ficará alguns dias fora de combate, mas a tendência é de recuperação.
O que está colocado agora para a cidade de Caxias do Sul e a região é uma escolha: usar de mais rigor no distanciamento social de forma preventiva, ou não. A região, por seus administradores públicos, todos eles, e por suas lideranças empresariais, que recorrem a cada bandeira vermelha, já fez sua escolha. Vai querer ver.
Convencer população
Fazer lockdown ou adotar mais rigor no distanciamento social não é bem assim. Não é uma medida simpática e agradável à população, uma vez que privativa de movimentos.
Não adianta a determinação de começar um lockdown se a população não cumprir. A população precisa ser convencida da necessidade.
A adesão de entidades representativas à necessidade de fortalecer o distanciamento certamente ajudaria. Hoje, não há nem uma coisa, nem outra.
Impactos "tremendos"
É indiscutível que os impactos na economia são terríveis. Os números estão aí: fechamento de empresas, fechamento de vagas de trabalho. O que está fazendo estrago monumental à economia não é o distanciamento social. É o novo coronavírus.
O reverenciado e reconhecido empresário Anton Karl Biederman, ex-presidente da Federasul, aos 95 anos, opinou há poucos dias ao Gaúcha Atualidade:
– Acho que o fundamental é preservar vidas. Isso é fundamental. Sem vida, nada existe. Temos que preservar, com todas as consequências tremendas na área econômica.
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