Fundado em 2011 e com registro deferido pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em 2015, o Novo irá participar da eleição presidencial pela primeira vez. João Amoêdo é o nome escolhido para a disputa. Ele é engenheiro civil e administrador de empresas por formação, mas passou grande parte da vida se dedicando ao mercado financeiro. Foi vice-presidente do Unibanco em 2004 e fez parte do conselho de Administração do Itaú-BBA.
Defensor do liberalismo econômico e de um Estado menor, princípios do Novo, Amoêdo esteve em Caxias na semana passada divulgando suas ideias em palestra na FSG. O pré-candidato conversou com o Pioneiro e detalhou algumas das propostas para um eventual governo.
Pioneiro: O que o senhor e o Novo defendem para o Brasil?
João Amoêdo: O que a gente defende, em essência, é um Estado que funcione melhor. A nossa grande crítica é o modelo de Estado que o Brasil tem hoje. Você tem um povo trabalhador, um país com muitas riquezas naturais, mas, infelizmente, com um modelo de Estado que centraliza poder na classe política, é muito intervencionista, muito burocrático, impede que a gente consiga crescer como nação e que as pessoas consigam empreender e limita a responsabilidade e a liberdade das pessoas. O que a gente quer é inverter esse processo, reduzindo a área de atuação do Estado às áreas essenciais como saúde, educação e segurança, e tirando dele as outras coisas que acabam gerando um ambiente propício à corrupção como, por exemplo, gestão da poupança das pessoas. O trabalhador hoje tem seu fundo de garantia administrado pelo Estado e rende menos que a inflação. Temos cerca de 150 empresas estatais, algumas delas dando altos prejuízos, outras metidas em esquemas de corrupção, também administradas pelo Estado. O que a gente gostaria é de mudar esse modelo. Ter um desenho mais enxuto do Estado para que ele possa ser mais eficaz nas áreas em que a população realmente precisa que ele atue.
De que maneira é possível equilibrar as contas públicas?
A primeira coisa que tem de ser feita é a Reforma da Previdência. É daí que vem hoje o maior buraco, quase R$ 270 bilhões por ano. Esse buraco é crescente. Dois terços desse buraco vem da área privada, mas um terço vem dos funcionários da área pública. O segundo ponto é simplificar e reduzir a carga tributária, que é muito complexa, você tira produtividade, dá ineficiência à produção. E o terceiro ponto é abrir um pouco mais a economia brasileira para que, de fato, a gente possa ter mais inovação. O Brasil hoje é uma nação muito fechada, não consegue participar das cadeias produtivas globais, traz pouca tecnologia.
O que o senhor defende para a Previdência?
A primeira coisa que a gente vai ter de fazer é ter uma idade mínima para se aposentar. Isso é fundamental. Nós gostaríamos de, no futuro, mudar para um modelo chamado de capitalização, que é onde cada cidadão tem a sua própria conta. Ele faz a contribuição ao longo da vida e, ao final, quando aposentado, é dali que vai tirar os recursos e não ficar mais dependendo da entrada de mais jovens, que é o que acaba tornando o sistema hoje complicado. O detalhamento da reforma a gente ainda vai fazer no plano de governo, mas tem três eixos importantes: reduzir a diferença entre o aposentado da área pública e da privada, que é muito grande. O déficit hoje é 16 vezes maior na área pública. Segundo é ter uma idade mínima e o terceiro é caminhar para um sistema de capitalização, onde cada um fizesse uma contribuição para uma conta específica e vivesse da aposentadoria que fez durante o tempo de contribuição e não dependesse da entrada de um terceiro, porque isso sempre acaba gerando desequilíbrio. Mas é um processo de transição que precisa ser bem estudado.
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Na última pesquisa Datafolha, o senhor aparece em alguns cenários com 1% e em outros com 0%. Isso chega a lhe assustar?
Não, pelo contrário. Vendo os outros que estão aparecendo com 1%, temos, por exemplo, o (Henrique) Meirelles pelo PMDB, o Rodrigo Maia pelo DEM, partidos bastante grandes, que existem há muito tempo, que usam dinheiro público, que fazem coligações, com figuras conhecidas na política, enquanto que o Novo é um partido bem recente e eu também sou uma figura pouco conhecida na política. Então, me parece que está bastante razoável.
Como o senhor pretende se tornar conhecido?
Basicamente, o trabalho que já temos feito, que é a utilização das mídias sociais e muitos eventos. Também contar com os cerca de 360 candidatos a deputado federal que o Novo terá em 18 Estados mais o Distrito Federal, trabalhar com os candidatos a governador, então, atuar com equipe. É isso que a gente está apostando muito, e a rejeição natural que está havendo e é crescente em relação aos políticos tradicionais. As pessoas querem algum tipo de renovação, querem conhecer ideias e práticas novas e isso acaba atraindo o interesse pelo Novo e vamos aproveitar esse espaço.
Dos nomes colocados até agora, pelo menos quatro têm perfil muito similar ao seu. O que o senhor fará para se diferenciar deles?
Primeiro a gente precisa identificar de fato quem tem essas ideias liberais. Eu gosto sempre de dizer sobre o que as pessoas falam e o que elas fizeram. A gente sabe que em época eleitoral, às vezes, falta um pouco de coerência no que a pessoa está falando e no que ela fez no passado. Na hora que a gente constata o que foi feito, no final sobra muita pouca gente que tenha de fato colocado em prática ideias liberais. E o segundo ponto, que me parece mais relevante é que nós, brasileiros, e aí me coloco como cidadão, queremos a renovação na política com fim de privilégios, um ambiente menos propício à corrupção. A pergunta que fica para mim é o seguinte: essas pessoas que estão vindo de partidos tradicionais, que sempre se aproveitaram desse modelo, que usam dinheiro público, que fazem coligações baseadas em tempo de televisão, será que essas pessoas farão as mudanças que são necessárias? Me parece pouco provável. Então, a grande diferença do Novo é que não é só a minha candidatura, pessoa física, é um projeto com princípios e valores, propostas diferentes e práticas diferentes, que é o que a gente já está fazendo, cortando assessores, verbas de gabinete. Esse é um teste importante para a população. O discurso das pessoas está coerente com as práticas? No caso do Novo, 100%.