
A grande mobilização em Caxias do Sul para que o coração de um menino caxiense fosse transportado ao Paraná, na tarde de quarta-feira (23), terminou de forma positiva.
O órgão foi transplantado com sucesso em uma menina de 11 anos que mora em Curitiba, segundo Nádia Ferreira Navarro, médica intensivista pediátrica e coordenadora da UTI pediátrica do Hospital Geral (HG):
— O órgão chegou bem. Depois de 3h20min o coração já estava batendo na outra paciente, que está bem, pelo que soubemos.
Na quarta, o órgão do menino (que também doou os rins, fígado e córneas) foi transportado por um avião da Força Aérea Brasileira (FAB) e, antes do transporte aéreo, agentes de forças de segurança realizaram a escolta do coração.
De acordo com a equipe da Comissão intra-hospitalar para doação de órgãos e tecidos para transplante (Cihdott), para funcionar, a ação precisou contar com toda essa força-tarefa. O coração precisa ser transportado e transplantado em até quatro horas após a retirada do corpo do doador.
— Quando se trata de transplante de coração, a gente tem quatro horas entre a retirada do órgão do paciente doador até o receptor receber esse órgão. Então, a gente precisa ter organizado o transporte, que precisa ser escoltado justamente pra ser rápido, pra gente ter toda a garantia de segurança da chegada do órgão no hospital receptor — explica Nádia.
Sobre o transplante de coração entre crianças, a médica diz que é um procedimento complexo:
— É mais raro do que a gente gostaria, também pela dificuldade de conseguir esses órgãos. No Brasil existem 500 crianças na fila de espera pra um transplante e a gente ainda tem bastante negativa das famílias em relação à doação.
Nádia ainda explica como é feita a conversa com a família do paciente morto:
— Quando o paciente tem critérios pra doação e a gente diagnosticou morte encefálica, a gente conversa com a família sobre essa possibilidade de doação. A gente explica como funciona a cirurgia, expõe os benefícios para os pacientes doadores e acatamos a decisão da família.