Há um ano e meio, Ivanir Barbosa dorme e acorda com a angústia de não saber onde está o irmão. Mazinho Barbosa, na época com 49 anos, desapareceu em dezembro de 2022 e nunca mais foi visto.
Na tarde desta quarta-feira (28), Ivanir pôde fornecer seu material genético para que o Instituto-Geral de Perícias (IGP) pudesse incluí-lo no Banco Nacional de Perfis Genéticos (BNPG). A partir disso, será possível fazer a comparação com o DNA de corpos já cadastrados. São 633 em todo o Estado e ainda não identificados pelas famílias.
A Mobilização Nacional de Identificação de Pessoas Desaparecidas ocorre em todo o país desde a última segunda-feira e segue até a sexta-feira (30).
Para quem procura por familiares, como Ivanir, é mais uma esperança de poder colocar um ponto final nas dúvidas.
— Vamos de vez em quando na polícia para saber se tem novidades. Encontraram a moto dele e os documentos, mas nem sinal do corpo. No meu coração não considero ele morto — diz.
Só neste mês, foram protocolados oito boletins de ocorrência de pessoas que desapareceram em Caxias do Sul. Desde o início do ano, são 112.
Mistérios como o do aposentado Guerino Moschen, 74, que há 60 dias saiu de casa e não voltou mais. A filha, Patrícia Moschen, também forneceu o DNA, por meio da saliva, para que caso o pai seja encontrado, os dados possam ser cruzados:
— A última notícia que tivemos foi que ele entrou em um ônibus da EPI Imigrante. Lidar com isso é uma situação terrível. Não ter nenhuma notícia, mesmo que negativa, viver esperando uma ligação e olhando para o lado tentando encontrar na rua é muito ruim — desabafa.
O IGP salienta a importância do Boletim de Ocorrência, feito na Polícia Civil e que faz com que a pessoa ganhe o caráter de desaparecido. O documento, feito em qualquer delegacia do país, permite o cruzamento dos dados.
Esta é a segunda vez que a campanha é realizada no Brasil. A primeira foi em 2021 e, somente no Rio Grande do Sul, foram coletados materiais de 190 famílias. Destes, 14 corpos foram identificados.
Esperança para a agricultora Jorgeana Perozzo, 47, que há 22 anos procura pela irmã que desapareceu quando tinha 16 anos, em São Marcos.
— Fiz a ocorrência em 2002, mas até então não tinha deixado meu DNA para que, caso ela fosse encontrada em qualquer lugar do país, pudessem me avisar. É angustiante, penso muito nela e não desisto de poder ao menos enterrá-la.