Bloqueada desde janeiro deste ano, a Avenida Marcopolo, no acesso ao bairro Planalto pela BR-116, em Caxias, teve o trânsito liberado de forma provisória nesta semana. A permissão de tráfego ocorre em meio à paralisação das obras pela empresa contratada e mesmo sem nivelamento da pista. A Secretaria de Obras e Serviços Públicos (Smosp) afirma que irá realizar o trabalho assim que o clima melhorar.
Executada pela SUV Empreendimentos, o obra praticamente não foi retomada depois de maio, quando foi suspensa devido à crise climática do Estado. Antes da enchente, porém, o trabalho já não seguia o cronograma previsto, o que motivou ao menos três notificações por parte da prefeitura. No início deste mês, a empresa pediu rescisão contratual ao município.
Na manhã desta quarta-feira (10), veículos trafegavam normalmente pela avenida, tanto entrando, quanto saindo do bairro. Os motoristas, contudo, precisavam enfrentar valetas e desníveis causados pela chuva que escorre sobre o material que deveria servir de base para o asfalto.
— Estava tudo parelho até maio. Eles tinham até colocado o líquido (material impermeabilizante) para depois colocar o asfalto. Agora está desse jeito. Faz dois meses que não tem movimento — relata Paulo Cesar Ferri, 52 anos, que mora e tem um empreendimento no entorno.
Conforme o técnico em eletrodomésticos, além das dificuldades de trafegabilidade e do bloqueio que ocorria até então, empreendedores do entorno têm visto a clientela reduzir. As linhas de ônibus também foram desviadas.
— Levaram 40 anos para fazer e fizeram isso aqui — reclama.
Dificuldades em tocar a obra
Conforme o engenheiro Reinaldo Toscan Neto, titular da Diretoria de Projetos da Smosp, embora tenha apresentado todas as garantias exigidas na licitação, a SUV Empreendimentos não possui experiência em pavimentação asfáltica. Por conta disso, não conta com estrutura própria para a produção do material. Isso obriga a empresa a buscar o material de terceiros, o que costuma ser mais caro e impacta a lucratividade planejada com a obra.
A empresa chegou a encaminhar pedidos de reequilíbrio de contrato. Correções do tipo, no entanto, somente podem ser concedidas quando há variações imprevistas nos preços de insumos. Flutuações corriqueiras, como as ocorridas nos últimos meses, precisam ser assumidas pela empresa.
— Em todas as licitações de pavimentação se exige declaração de disponibilidade de asfalto. Eles apresentaram a declaração, mas chegou na hora e não tinham disponibilidade — explica Toscan.
Na tentativa de devolver a trafegabilidade mínima, a Smosp vai aplicar o mesmo material utilizado na base para nivelar a pista e compactar o solo. A pasta afirma que é a solução possível até que se encaminhe a rescisão contratual com a SUV para nova contratação ou a empresa viabilize a retomada da obra.
O Pioneiro entrou em contato com a SUV e aguardava retorno até a publicação da reportagem.
O projeto
O cronograma original previa que a obra fosse entregue em setembro. Ao todo, serão construídos 150 metros de faixa de espera no sentido Ana Rech-Galópolis e uma alça de retorno para proporcionar mais segurança a quem precisa converter à esquerda para entrar no bairro. Também estão previstas sinaleiras e lombofaixas para a travessia de pedestres. O custo estimado é de R$ 4,7 milhões, pagos com recursos de um empréstimo obtido pelo município junto à Corporação Andina de Fomento (CAF).
O contrato com a SUV Empreendimentos é o segundo firmado pelo município para a realização da obra. O anterior acabou rescindido porque a empresa não iniciou o trabalho meses após a assinatura da ordem de início. Ela não apresentou um plano de execução exigido pelo edital de licitação.