A falta de leitos é um problema histórico em Caxias do Sul que afeta diretamente pacientes atendidos pelo Sistema Único de Saúde (SUS). A secretária municipal de Saúde, Daniele Meneguzzi, afirmou, durante espaço cedido na sessão da Câmara de Vereadores nesta quarta-feira (26), que, atualmente, cerca de 90 pacientes da Serra estão à espera de leitos nos hospitais da cidade. Conforme a titular da pasta, o município tem dificuldade para fazer o gerenciamento dos leitos, pois é referência em alta complexidade para outros 48 municípios, além de Caxias.
Dessa lista de espera, aproximadamente 60% dos pacientes são de outros municípios e 40% de Caxias do Sul, segundo a secretária. Os pacientes ficam internados nas Unidade de Pronto Atendimento (UPAs) enquanto não vaga um leito hospitalar. Outros também estão em hospitais menores enquanto aguardam a transferência para instituições de maior complexidade. Sobre o tempo de espera para transferência para leito hospitalar, a Secretaria Municipal da Saúde (SMS) explica que isso depende do quadro clínico e do tipo de leito que o paciente precisa.
— No ano passado, conseguimos, num esforço conjunto de toda a comunidade, da Câmara de Vereadores, dos deputados, a abertura de mais 70 leitos no Hospital Geral. Nós tivemos aí um respiro que não durou mais do que dois ou três meses, porque em agosto, findamos a abertura de todos os leitos. Em dezembro, já tínhamos novamente uma fila de espera por leitos que beirava 90, 100 pessoas — afirma Daniele.
Faltas às consultas preocupam
A titular da pasta também destacou que outra demanda grande e que cresce na casa de 15% anualmente é por consultas. Em 2021, por exemplo, foram realizadas 411 mil consultas, número que passou de 459 mil em 2023. Já um índice que preocupa é o de absenteísmo, ou seja, pessoas que efetuam o agendamento e não comparecem no dia, que varia de 10% a 15%.
— A gente ainda tem muita falta, tanto nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) quanto em relação às especializadas. Em 2023, só no Centro Especializado de Saúde (CES), foram registradas seis mil ausências em consultas previamente agendadas. Quando uma pessoa não vem em uma consulta, tira a oportunidade de outras pessoas se consultarem — avalia Daniele.
Contratação emergencial de médicos
Durante a fala da secretária da Saúde na Câmara, a questão da falta de médicos também foi lembrada. Daniele recordou que, no período da pandemia (2020-2021), essa problemática se acentuou. Ela informou que pelo menos três médicos já foram previamente selecionados após o concurso para contratação emergencial e devem iniciar suas atividades nos próximos dias, nas UBSs que estejam sem profissionais.
Ainda sobre a questão, a Câmara aprovou a possibilidade de o município contratar empresa que presta mão de obra médica para suprir demandas temporárias, como situação de licença maternidade ou outros atestados de servidores médicos.
— Com a contratação dessa empresa, a gente vai poder realocar médicos de forma praticamente imediata, e é algo que a gente tende a solucionar — disse.
Vereadores solicitaram esclarecimentos
Na terça-feira (25), os parlamentares trouxeram à tona diversos questionamentos referentes à área da saúde. A titular da pasta foi, então, convidada a prestar esclarecimentos sobre filas de espera por leitos SUS, ampliação dos leitos do Hospital Geral, exames e atendimentos realizados pelas UPAs, entre outros temas.
Após a explanação da secretária, vereadores solicitaram ao presidente Adriano Bressan (PP) espaço para questionamentos. Porém Bressan afirmou que o regimento interno não permitiria. Diante disso, Daniele Meneguzzi afirmou que marcará uma reunião com a Comissão de Saúde e Meio Ambiente (CSMA) da Câmara para prestar os esclarecimentos. A reunião ainda não tem data definida para ocorrer.
Gestantes do SUS atendidas no Virvi Ramos
A secretária Daniele Meneguzzi também informou que o atendimento materno-infantil será transferido para o Hospital Virvi Ramos a partir da próxima segunda-feira (1º). Atualmente, o atendimento ocorre no Hospital Pompéia, com a gestão terceirizada feita pelo Instituto de Desenvolvimento, Ensino e Assistência à Saúde (Ideas) desde 1º de janeiro.
O Hospital Pompéia deixou de prestar esse serviço em dezembro de 2023. O Ideas foi contratado pela prefeitura e prestará esse serviço em área cedida pelo Pompéia até domingo (30), quando o contrato será encerrado.
— O Hospital Virvi Ramos adequou algumas áreas físicas e adaptou elas de forma a poder já, a partir do dia 1º, receber todas as gestantes. O Virvi Ramos também ofertará os leitos de UTI neonatal, que no Pompéia foram fechados ainda em dezembro — recordou.
Conforme a titular da pasta, o governo do Estado se comprometeu que irá repassar o valor de R$ 8 milhões para a obra física da área definitiva da unidade materno-infantil, que contemplará o centro obstétrico, a UTI neonatal, a unidade de internação e a sala de recuperação. Os recursos atrasaram devido à situação de calamidade pública do Estado e devem ser liberados nos próximos dias, segunda a secretária.