A possibilidade da Universidade de Caxias do Sul (UCS) ceder o Campus 8, em Caxias do Sul, para que a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) se instale na Serra gaúcha, segue repercutindo entre entidades e lideranças.
A declaração do reitor Gelson Leonardo Rech ao colunista Alessandro Valim, de que a estrutura poderá ser cedida para a instituição federal, será debatida nesta quinta-feira (27) pela comunidade e políticos.
A partir das 15h, vereadores de toda a região se reúnem na Câmara de Vereadores de Caxias, para um encontro do Parlamento Regional da Serra. Conforme o presidente, Gilmar Peruzzo, a pauta terá temas diversos, com destaque para a implantação da universidade federal na Serra.
Depois, às 19h, uma audiência pública também acontece na Câmara caxiense. O encontro entre parlamentares, representantes do Ministério da Educação (MEC) e a comunidade local foi proposto pelo deputado estadual Pepe Vargas (PT).
A expectativa é de que, em ambas as reuniões, os líderes reafirmem o apoio à vinda da UFRGS para a região e alinhem estratégias para concretizar o projeto junto à UCS.
Lideranças ouvidas pela reportagem foram unânimes em indicar que a ideia foi bem aceita. Além da aprovação dos líderes, o projeto ganha força porque há previsão de desocupação do Campus 8 a partir do ano que vem.
Em nota, a UCS confirmou que todas as atividades do Campus 8 serão transferidas para o Campus-Sede a partir do primeiro semestre de 2025. Atualmente, cerca de 700 alunos dos cursos de Arquitetura e Urbanismo, Design, Design de Interiores, Artes Visuais, Música, Moda e Dança estudam no espaço.
Apesar dos indicadores positivos, o MEC ainda não se manifestou sobre a locação ou compra do Campus 8 para as atividades da UFRGS. A participação na audiência pública do secretário de Educação Superior do MEC, Alexandre Brasil, traz expectativa de que mais detalhes da implementação da universidade federal sejam divulgados.
Campus 8 como alternativa viável para o início das atividades da universidade federal na Serra
Se por um lado as entidades apoiam a implantação da UFRGS no campus que será desocupado pela UCS, por outro lideranças esperam que o local seja a etapa inicial para a criação de uma universidade federal na Serra com multipolos. Leia os apontamentos feitos pelos presidentes abaixo.
Valdir Fabris - Presidente da Associação dos Municípios da Encosta Superior do Nordeste (Amesne)
"É muito bom que a Universidade de Caxias do Sul também queira colaborar para que a Universidade Federal do Rio Grande do Sul se instale em Caxias. Achei muito oportuna a colocação do reitor Gelson, de fazer essa participação junto. Como eles têm prédios ali, nada melhor que alugue para a UFRGS faça o uso.
A Amesne já está envolvida nesse projeto de trazer uma universidade pública para a região há 10 anos. É muito importante a federal para oportunizar o estudo para aqueles que não podem pagar. Na nossa região tem muitas pessoas que querem estudar e não condições. Acho muito válido esse projeto."
Juliano Baumgarten - Presidente do Comitê Pró-Universidade Pública Federal de Farroupilha
"A nossa luta pelo Comitê é que a universidade se instale no Campus 8. Inclusive, deliberamos esse projeto aqui na segunda-feira passada. Geograficamente, Farroupilha é muito próxima do Campus 8.
Também somos parceiros para que juntos, possamos colocar um núcleo da universidade federal em Nova Prata, fazendo assim uma universidade multicampi. O próximo passo seria criar, de fato, uma universidade federal da Serra. Nossa luta é por toda a Serra, que tem mais de 1 milhão de moradores."
Gilmar Peruzzo - Presidente do Parlamento Regional da Serra Gaúcha
"Nos parece oportuna essa ideia, que é algo adequado. Nós pretendemos aprovar um documento com os vereadores do parlamento para encaminhar ao MEC, com as demandas da região.
Temos dois pontos importantes: um deles é manter o foco para ter uma universidade federal independente. Ficamos muito contentes com o anúncio de extensão da UFRGS, mas vamos continuar a luta por uma universidade da Serra.
E o outro ponto é que nós defendemos uma universidade multicampi, ou seja, com um campus entre Caxias e Farroupilha e o outro campus que contemple o lado de cá do Rio das Antas, a partir de Nova Prata. Temos centenas de alunos do nosso lado da Serra das Antas e sabemos que o deslocamento gera muita dificuldade."
Rose Frigeri - Presidente da Frente Parlamentar em Defesa da Implantação da Universidade Federal da Região Nordeste do Estado do Rio Grande do Sul
"Acho o Campus 8 uma alternativa interessante porque é próximo de Farroupilha, Garibaldi, Bento Gonçalves. Embora queiramos fazer com que esse campus seja apenas um embrião, para que posteriormente ele seja ampliado para outros lugares, outros polos. Não queremos ficar somente com os 2,8 mil alunos que estão sendo anunciados neste primeiro momento.
Então, é uma alternativa, mas quero dizer que é o governo federal quem vai avaliar o local. Tem várias outras propostas que estão surgindo, em outros prédios. Também precisa avaliar a possibilidade de ampliação, porque como disse, não queremos ficar com apenas 2,8 mil alunos."
Rodrigo Postiglione - Presidente do MobiCaxias
"É uma ideia que tem fundamento. Nós, enquanto mobilização, acreditamos que uma universidade federal em Caxias vem para beneficiar e abrir possibilidades para os estudantes da nossa região.
Achamos que é importante a utilização de um espaço pronto, porque a questão da operação da universidade é muito importante. Este ano é um ano político e nós precisamos de efetivação. No momento que não temos uma negociação e vamos esperar um ano, dois, três, até ficar pronto um prédio, muita coisa acontece. É importante que essa universidade entre em operação antes de outubro, que é período eleitoral.
Inicialmente a área pode ser utilizada, depois, se precisar construir, a área é grande. Tranquilamente há condições para reformas e reorganização para a universidade. Se precisar de alguma ajuda, dentro do Mobi temos a Câmara de Planejamento, com uns 30 profissionais entre arquitetos e engenheiros. A gente pode doar um projeto, mas precisamos realmente de um retorno de que isso vai ser executado e entregue para a população."