A interdição da ponte da BR-116, entre Caxias do Sul e Nova Petrópolis, fechada por tempo indeterminado após avaliação do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) na manhã desta segunda-feira (13), traz prejuízos aos motoristas — ela dificulta ainda mais a ligação entre a maior cidade da Serra e localidades do interior de Nova Petrópolis, como Linha Temerária e Tirol —, mas também vai dificultar a vida dos moradores da região.
Residente em Vila Cristina, perto da ponte, Juceli Boschetti, 59 anos, conta que foi ela quem avisou, ainda no domingo (12) à tarde, as autoridades sobre a torção da ponte em função da chuva. A casa dos pais dela fica na cabeceira da ponte, no sentido Caxias-Nova Petrópolis. A engenheira agrônoma vive desde sempre no local e nunca tinha visto a ponte deste jeito:
— Ainda na quinta-feira (9), a água chegou bem perto de casa, que fica às margens da BR-116, mas a ponte se mantinha firme.
No domingo, às 15h, no entanto, Juceli percebeu a força da água. Por volta de 19h, a pilastra central da ponte deslocou e as rachaduras baixaram o meio da ponte.
— Nesse horário, vi que o pilar da ponte estava dando sinais de torção. Informei as autoridades e nós, moradores, bloqueamos a rodovia em ambos os sentidos. Depois, a Brigada Militar (BM) e Polícia Rodoviária Federal (PRF) chegaram. Ninguém ficou ferido porque a ponte estava bloqueada.
Juceli e o filho permaneceram na residência. A mãe foi levada para casa de familiares, o pai é falecido. A vizinha que mora sozinha na casa ao lado da dela também foi para a casa de familiares. Do outro lado da ponte, na direção de Nova Petrópolis, não há casas na cabeceira. Juceli recebe constantemente a visita de familiares. A água não atingiu a casa dela, que fica a cerca de 30 metros do rio, portanto, ela não pretende sair.
A interdição da ponte, segundo Juceli, vai dificultar o encontro de familiares e amigos da região. Com o trecho fechado, agora, para se deslocar de Caxias para Nova Petrópolis, o trajeto é por Feliz, passando pela ponte férrea e seguindo até a Linha Nova para então retornar a Nova Petrópolis.
A reportagem saiu da área central de Caxias do Sul e foi até a ponte pela Estrada do Vinho, que está parcialmente bloqueada. No cruzamento com a RS-452, foi até a área urbana de Vila Cristina e de lá chegou até a ponte. O trajeto de cerca de 28 quilômetros teve uma duração média de 50 minutos. Ao longo do trecho, muitos deslizamentos e buracos foram visualizados pela equipe. Na manhã desta segunda, muitas pessoas foram até o local para ver como estava em ambos os sentidos. A PRF solicitou que ninguém passe pela estrutura, nem mesmo a pé.