Em pouco mais de um mês, o inverno chegará ao Rio Grande do Sul, inaugurando oficialmente a alta temporada do turismo em Bento Gonçalves. Tradicionalmente, frio e vinho sempre foram uma combinação envolvente para os visitantes vindos de outras regiões e estados. Contudo, as chuvas e enchentes que atingiram o Estado nas últimas semanas mudaram drasticamente o cenário. Apesar da infraestrutura do Caminhos de Pedra e Vale dos Vinhedos não ter registrado estragos expressivos, a queda no fluxo de visitantes gira em torno de 90%. E a solução inicial que está sendo pensada é em atrair o público próximo.
Entidades ligadas ao segmento ainda não sabem precisar o impacto provocado neste período, mas projetam que os reflexos serão sentidos ao longo do ano, sobretudo na rede hoteleira, restaurantes e pequenos estabelecimentos.
Então, no cenário atual, com estradas que interligam a Serra com outras regiões do Estado totalmente bloqueadas, alagadas ou destruídas, o foco se volta para a visitação local.
— Na própria região estimamos um público de mais ou menos 1 milhão de habitantes, que num primeiro momento podem se tornar visitantes. Os acessos entre as cidades estão livres e a média de deslocamento é de cerca de uma hora — pontua o presidente do Conselho Municipal de Turismo de Bento Gonçalves, Marcos Giordani.
Municípios como Caxias do Sul, Farroupilha, Garibaldi e Carlos Barbosa figuram entre as apostas do segmento turístico de Bento. O maior desafio, então, será cativar os moradores da região para consumir e experimentar o que a própria região já dispõe.
Durante as reuniões semanais entre os representantes do segmento, ideias vêm sendo ventiladas. Entre elas, o oferecimento de descontos e campanhas de remarcação de visitas.
— Ainda estamos nos organizando, porque a situação muda dia a dia, mas uma das propostas iniciais é conceder descontos nos estabelecimentos, conforme e possibilidade de cada local, e assim despertar o interesse daqueles que moram próximo e podem vir até os estabelecimentos — detalha Jeverson Carelli, membro do Caminhos de Pedra.
Proprietária de uma agroindústria do Caminhos de Pedra, Maristela Lerin fala da dificuldade em convencer os turistas a não desistirem das viagens pré-agendadas.
— Estamos fazendo o possível para remarcar, para que tenhamos menos desistências. A gente entende que o turista tem medo de vir para cá, porque nem todos sabem que o Caminhos de Pedra está aberto e apto para recebê-los. A esperança são esses dias de sol que tivemos — comenta Maristela.
Outra alternativa a ser explorada a médio e longo prazo é utilização do Aeroporto Hugo Cantergiani, em Caxias do Sul, como porta de entrada para turistas de todo o país.
— As notícias de que o Aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre, possa demorar para receber voos causa grande preocupação quando se fala em turistas de outros Estados. Mas, há a possibilidade de explorar os aeroportos do Estado, e intensificar as operações. Essa, sem dúvida, é uma esperança para a retomada do turismo na Serra gaúcha — acrescenta o secretário municipal de Turismo de Bento Gonçalves, Evandro Soares.
Alinhadas na busca por soluções, todas as entidades representativas do turismo bento-gonçalvense optaram por iniciar as ações de divulgação e fortalecimento dos atrativos apenas quando a situação regional se estabilizar.
Neste período, hotéis têm sido pontos de acolhimento de profissionais das forças de segurança que atuam na Serra. Restaurantes passam a preparar marmitas e estabelecimentos turísticos se tornaram pontos de coleta de donativos.
— O momento é de solidariedade e é preciso entender a realidade do município. O setor tem se reunido, para entender a situação, criar ações de retomada para, quando chegar a hora certa, receber a todos, da forma hospitaleira como sempre atuamos. Claro que, para isso, precisamos considerar a realidade da região e Estado – finaliza Soares.