Nascida em 1908 no Rio de Janeiro pelas mãos do médium Zélio Fernandino de Moraes, a umbanda se difundiu Brasil afora e ganhou adeptos em todos os estados do país. Em Caxias do Sul, Lauro Luís de Medeiros, o Lauro de Oxum, organizou uma associação em 1974 para unir as poucas casas da época que reuniam os adeptos no município.
Atualmente com mais de 700 terreiros, Caxias é reconhecidamente uma cidade umbandista. O nome de quem criou a associação foi eternizado na Praça Lauro de Oxum, na Perimetral Sul, onde também está instalado o monumento a Ogum, patrono da cidade e orixá da metalurgia, considerado senhor absoluto do ferro e da forja.
A estátua, considerada patrimônio cultural da cidade é uma das maiores conquistas da associação que completa 50 anos em 2024 e tem nesta terça-feira (28) sessão solene alusiva à data, a partir das 19h, na Câmara de Vereadores. A representatividade da Associação Caxias de Umbanda é reconhecida nacionalmente por conta da criação de dois símbolos da religião: a bandeira oficial e o busto do seu criador.
— Nossa comunidade trabalha muito. Em 1974, a associação não teve uma boa receptividade entre as casas, mas foi reativada em 1995 quando passamos a construir todo esse trabalho. Nosso slogan da fé e trabalho nos molda muito bem — diz o presidente da Associação, Saul de Ogum.
Foi também por intermédio da associação caxiense que em 2002 se instituiu na cidade o Dia Municipal da Umbanda. O projeto de lei foi levado até a Câmara dos Deputados que aprovou, em 2012, o Dia Nacional da Umbanda, comemorado no dia 15 de novembro.
Iniciativas que são motivos de orgulho para os dirigentes da associação que se comunicam com os fiéis não só por meio dos cultos, diários na cidade. Mas também pelo rádio. A associação conta com sua própria rádio web e com o programa Voz da Umbanda, que vai ao ar todas as quartas-feiras às 19h às 20h, na página do Facebook.
— Muitas pessoas vêm para o terreiro em busca de cura, conselhos jurídicos e psicólogos. A espiritualidade nos traz uma compreensão muito grande das curas e nos dá uma voz de orientação para trazer calma às pessoas — define Johnson Carvalho, cacique do Centro de Umbanda Ogum Beira-Mar.
Quando se aprofundam na religião e sobem os degraus da hierarquia, não raramente, os filhos se tornam dirigentes de suas próprias casas. O que explica o grande número de terreiros e também a necessidade de uma associação que legitime a abertura de novos centros.
— A umbanda veio para harmonizar e unir as casas. A associação é falada e tratada só nos termos de umbanda, que é uma religião originária nossa e que no Sul e, principalmente em Caxias, faz um trabalho de difundir pelo Brasil. É preciso percorrer um caminho para ser outorgado como dirigente. A associação faz a filiação e dá respaldo jurídico e reconhecimento aos babalorixás e caciques de umbanda — explica Saul.
A sessão solene que comemora os 50 anos da criação da Associação de Umbanda Caxias ocorre nesta terça-feira (28), às 19h, na Câmara de Vereadores de Caxias do Sul.