
Bento Gonçalves, na Serra Gaúcha, já registrou mais de cem deslizamentos de terra desde o início da chuva no Rio Grande do Sul, no dia 1º de maio, resultando na morte de nove pessoas e soterrando outras cinco na cidade.
Uma dessas movimentações de terra atingiu a região de Faria Lemos, distrito ao Norte do município, onde moravam os pais e a irmã da representante comercial Marina Cobalchini, 43 anos. O casal ficou dois dias desparecido e seus corpos foram encontrados por vizinhos no final da manhã do dia 3, na propriedade da família, no interior de Bento.
Nascida e criada em Bento, a Marina enterrou seu pai Artemio Cobalchini, mais conhecido como Neco, 72 anos e, sua mãe, Ivonette Cobalchini, 62, no domingo (5). Em meio ao processo de luto, Marina ainda tem fé de encontrar a irmã, Natalia Cobalchini, de 27 anos. A jovem está desaparecida desde o desmoronamento, há quase 10 dias. As informações são do portal G1.

Marina e equipes de resgate baseadas em Faria Lemos atuaram nas buscas por Natalia, ao longo deste sábado (11). Porém, uma forte chuva voltou a atingir Bento Gonçalves e os trabalhos foram interrompidos no meio da tarde.
— A gente está todo dia na fé. Eu digo que é a angústia que fica, porque os dias vão passando e aí vai ficando... O tempo não melhora, não ajuda — lamenta.
Quando uma pessoa desaparecida é encontrada pelas equipes, com ou sem vida, seu nome é riscado na lista de buscas (veja abaixo).

Segundo alerta do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres (Cemaden), há índices muito altos de riscos hidrológicos e geológicos no Rio Grande do Sul para este domingo (12).
De Salvador, na Bahia, Marina conseguiu falar com seu Neno e Ivonette momentos antes do desmoronamento que atingiu a casa em que ela foi criada.
— No dia anterior ela tinha me relatado que estava bem preocupante — relembra.
A mãe enviou a ela uma foto do quintal de casa em que mostrava uma água de cor marrom subindo. Era por volta de 9h30 da manhã.
— Depois ela não visualizou mais nada. Acredito que foi muito assim, logo depois — recorda Mariana.
Tragédia no Rio Grande do Sul
De acordo com o boletim da Defesa Civil estadual, divulgado às 12h deste domingo (10), a chuva causou 143 mortes.
Pelo menos 806 pessoas se feriram. Há pelo menos 131 desaparecidos, seis a mais do que o boletim das 9h deste domingo.
O RS tem 538,2 mil desalojados e 81,2 mil pessoas em abrigos.
As medições do nível do Guaíba são realizadas de hora em hora, conforme divulgação da Defesa Civil estadual. O dado mais recente, das 11h deste domingo (12), mostra que o nível chegou aos 4m63cm. O registro mais alto foi de 5m35cm, às 5h30min de domingo (5).