O clima instável, oscilando entre diversos períodos com chuvas e o inverno com falta de frio, afetou os produtores rurais de Caxias do Sul. A oferta de hortifrútis para a Ceasa e para o abastecimento ao consumidor tiveram queda, de acordo com o secretário municipal de Agricultura, Rudinei Menegotto. Ele esteve visitando o interior de Caxias nesta segunda (20) e pretende seguir ao longo da semana para conversar com produtores e levantar o tamanho dos estragos que os últimos eventos climáticos ocasionaram.
Segundo Menegotto, os prejuízos vêm crescendo desde a metade do ano. As perdas deste final de semana ainda não foram contabilizadas. Por isso, uma reunião foi realizada na tarde desta segunda-feira (20) com entidades. Conforme o secretário, ficou decidido que durante a terça (21) e quarta-feira (22), técnicos da Secretária de Agricultura e da Emater/RS estarão visitando as regiões atingidas de Caxias, para fazer um levantamento.
A expectativa é ter dimensão do impacto não apenas deste final de semana, como também de todo o período chuvoso que ocorreu na cidade. Segundo Menegotto, o relatório deve informar quais foram os maiores impactos, como perdas na agricultura e estragos em estradas. A previsão é de que o documento com as informações seja divulgado na quinta-feira (23), podendo ser adiado caso ocorram novas chuvas e os técnicos não possam ir à campo.
Conforme a presidente do Sindicato Rural de Caxias do Sul, Bernadete Osni, um levantamento prévio dos estragos foi feito, analisando algumas áreas. Com ele foi possível observar estradas bloqueadas, falta de energia, estragos de frutas que foram derrubadas pelo vento, plástico de estufas também levados por causa do vento forte, além de queda de barreiras e entupimento de bueiros. O relatório que será divulgado deve informar todo o impacto causado por causa do clima.
— Sabemos que a infraestrutura atual das estradas está prejudicando muitos moradores, também os agricultores têm tido muitas perdas em plantações. Com o relatório, teremos dados precisos sobre a situação e é importante salientar que os estragos estão ocorrendo desde o período de chuva acima da média, que estamos observando desde os meses de julho e agosto. Então, são estragos causados pelas chuvas intensas desde esse período e o relatório vai nos apontar esses dados com precisão — afirma a presidente.
Até o período da manhã, o secretário recebeu informações de que os prejuízos deste final de semana foram mais relacionados a estradas interrompidas e falta de energia elétrica nas propriedades. Apenas em localidades que fazem divisa com Flores da Cunha, onde ocorreu queda de granizo na sexta-feira (17) à noite, é que as produções foram mais afetadas. A chuva auxiliou para agravar a situação, pois os produtores não conseguem plantar e o solo úmido não permite que a planta se desenvolva como o esperado. Além disso, o secretário comenta que esteve na Ceasa nos últimos dias, antes ainda do temporal, e viu que algumas culturas de hortifrútis e de olericulturas já estavam com pouca oferta.
— A cenoura no dia que eu fui lá estava com pouquíssima oferta. O pessoal tinha que ligar pra Minhas Gerais e importar de lá para não deixar os mercados daqui desabastecidos — afirma Menegotto.
As dificuldades presentes no período em que os alimentos estão em fase de brotação vão interferir na quantidade e na qualidade, segundo o secretário.
O diretor da Ceasa, Alceu Thomé, confirma que, devido às condições climáticas, percebeu-se que há pouca quantidade de agricultores vendendo produtos na companhia de abastecimento. Os que comparecem para a entrega e comercialização lamentam a quantidade de perdas nas lavouras. A Ceasa ainda fez um levantamento de quais culturas foram mais atingidas.
— É difícil de avaliar diante das constantes chuvas e inclemência do tempo, temos pouca oferta e muitos lamentam que não conseguem produzir. Ainda alguns produtos tiveram alta de preços — comenta Thomé.
Produção de Uva
Menegotto afirma ainda que a produção de uva no município será afetada, principalmente a safra precoce da uva bordô. Essa cultura, segundo o secretário, representa 50% da produção de Caxias. Ainda não é possível contabilizar ou quantificar perdas, porém, os períodos chuvosos atingem a fase de floração da fruta. A chuva não permite a polinização, o que acarreta na pouca frutificação. Na prática, os cachos terão menos grãos de uva. A preocupação do secretário também é voltada à qualidade da fruta e dos produtos derivados, já que a quantidade de água também afeta esse ponto.
— A uva está em desenvolvimento e a falta de sol prejudica esta fase. Não só na uva, em todos as culturas, então já temos diminuição de produção e pode piorar se o clima continuar chuvoso — projeta Menegotto.