Correção: a prefeitura de Gramado decretou estado de calamidade pública, e não situação de calamidade como publicado entre as 11h44min de sexta-feira (24) e as 10h09min de sábado (25). O texto já foi corrigido.
Depois de registrar duas mortes no final de semana em função das chuvas, e de um prédio desabar nesta quinta-feira (23), a prefeitura de Gramado decretou estado de calamidade pública. A medida busca auxiliar na agilidade de projetos e obter recursos. A informação foi divulgada em coletiva de imprensa na manhã desta sexta-feira (24).
Geólogos contratados pelo poder público, além de profissionais da prefeitura e um especialista da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) vão a campo neste domingo (26) para entender melhor o que pode ter acontecido na cidade nos últimos dias. Esses profissionais serão responsáveis por emitir pareceres sobre quais ações deverão ser realizadas pelo município para evitar novos deslizamentos e permitir que as famílias, principalmente no bairro Três Pinheiros, possam voltar para casa na próxima semana.
— Geólogos são profissionais bastante requisitados, principalmente depois de tanta catástrofe em tantos municípios, no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina. Queríamos quatro, mas conseguimos contratar um. Temos um encontro aqui então, já talvez com alguma ideia de fazer algum trabalho de contenção, de retirada de material ou de desvio da água nas partes mais altas dos morros — explicou o prefeito Nestor Tissot.
Ainda conforme o prefeito, as áreas afetadas não foram consideradas como pontos de risco no Plano Diretor, em 2015, mas que seguirão sendo monitoradas pelo poder público. Ele entende que os problemas apresentados nos bairros da cidade são pontuais e ocorreram em localidades antigas do município. Tissot anunciou também a contratação de mais 10 técnicos para Defesa Civil para auxiliar também na segurança e nos trabalhos de área nos locais atingidos.
— Em três meses, choveu em Gramado 60% do que estava previsto para o ano. Foi um fenômeno isolado, pegou uma parte do município e não perdoou. Me perdoem as pessoas, mas felizmente o prédio caiu como se fosse sentado. Não espalhou nada. Foi a melhor notícia que tivemos.
Tissot entende que as chuvas dos últimos dias são as responsáveis pelos deslizamentos e aparecimento de rachaduras, e descartou a relação com detonações. Mesmo assim, a prefeitura suspendeu as licenças das obras que usam explosões próximas ao bairro Piratini e Três Pinheiros até ter certeza se elas podem ter relação com os deslizamentos e rachaduras.
— Pelos estudos que fizeram até agora, mesmo que não são definitivos, não apontam (relação) — disse o prefeito.
Ao todo, são 546 pessoas fora de casa, a maioria delas em casa de familiares e outras em espaços da prefeitura. O poder público garantiu que as famílias seguem trabalhando, estão recebendo apoio do município e que haverá um plano para que elas retornem às casas, nos próximos dias, para retirar pertences, principalmente moradores do bairro Piratini.
O prefeito disse também que vai a Brasília na segunda-feira (27) para também tentar auxílio do Governo Federal, por meio da Defesa Civil. O município reforçou também que as atrações de Natal seguem ocorrendo normalmente e que não há prejuízos na área central da cidade. A expectativa é que Gramado receba 2 milhões de pessoas até o fim do ano.
Mulheres morreram soterradas
No sábado (18), duas mulheres morreram após uma casa ser soterrada na Linha Marcondes Baixa. Segundo a prefeitura, quatro pessoas residiam no local — duas delas conseguiram sair da moradia e estão bem. As vítimas foram identificadas como Elisabeta Maria Benisch Ponath, 51, e Lidwina Lehnen, 86.
Como era o prédio que desabou
O Residencial Condado Ana Carolina foi construído em uma encosta na Rua Ladeira das Azaléias, numa área total de 3,4 mil metros quadrados em cinco pavimentos e 19 unidades. O condomínio fica no bairro Planalto e acima do bairro Três Pinheiros.
Em apresentações disponibilizadas em sites de imobiliárias, a vista do residencial era um dos pontos mais elogiados, sendo caracterizada como "linda" e "deslumbrante". Outros pontos mencionados para atrair compradores eram a distância de cerca de cinco minutos do centro de Gramado e o "charme e conforto" do condomínio com "estilo europeu".
Ainda conforme uma das apresentações, direcionadas a corretores e datada como de 2009, havia opções de apartamentos com um, dois e três dormitórios. O material acrescenta que os moradores teriam à disposição duas ou três vagas de garagem coberta, lareira e opção de vidros com isolamento. Os imóveis variavam de 91 metros quadrados a 160 metros quadrados.