Caxias do Sul é a única cidade gaúcha a ser uma das sedes do Space Apps Challenge, um evento da Nasa, agência espacial norte-americana, que busca soluções inovadoras para resolver problemas globais. Ao todo, na cidade, são 110 participantes, em 16 diferentes grupos, reunidos neste sábado (7) e domingo (8), no Parque de Ciência, Tecnologia e Inovação - TecnoUCS. Na prática, trata-se de uma oportunidade para aprimorar a criatividade e as habilidades em uma competição global enquanto contribuem para avanços na exploração espacial e no entendimento do universo.
Os participantes ocupam salas e ambientes coletivos enquanto pesquisam e planejam as soluções para os desafios propostos pela agência - um hackathon, como é conhecido. Onze mentores de diferentes cidades auxiliam os grupos. Os problemas abrangem uma ampla variedade de tópicos, desde ciências da Terra até a exploração espacial, além dos dados abertos da Nasa e de suas agências espaciais parceiras. Neste ano, o tema do desafio é Explore Open Science Together - "explorem a ciência aberta juntos", em tradução livre.
O diferencial é que os inscritos têm acesso aos dados abertos da Nasa que serão utilizados para desenvolverem aplicações, ou melhor, soluções para as atividades do setor aeroespacial.
— São disponibilizados durante o evento vários recursos para que eles possam trabalhar nas soluções e chegar em protótipo bem trabalhado, bem feito e funcional. Além dos dados da Nasa, temos parceiros globais que liberam soluções para que eles possam fazer os códigos das soluções, acessar outros dados além dos que a Nasa dispõe e ter ferramentas para planejar o design da solução — explica o coordenador de Desenvolvimento de Novos Negócios da Pró-Reitoria de Inovação e Desenvolvimento Tecnológico, professor Fábio Verruck, líder local da iniciativa.
Ainda de acordo com Verruck, os participantes em Caxias do Sul possuem dois perfis: aqueles que trabalham na área e dominam assuntos ligados ao desenvolvimento de novas tecnologias e também aqueles que gostam de inovação e ciência e desejam obter conhecimento técnico, podendo contribuir com os desafios. Mas, segundo ele, todas as áreas do conhecimento são bem-vindas na competição.
— É um evento para todos, independente da área de formação. Precisamos de pessoas de todas as áreas. Não é algo específico para desenvolvedores, para quem entende profundamente de tecnologia, mas não é isso. Precisamos de expertise na área de gestão, humanas, saúde — explica o professor.
Após a construção da solução, os participantes participam no domingo de uma apresentação dos resultados. A equipe melhor colocada na etapa local receberá uma premiação em dinheiro no valor de R$ 5 mil. Todos os grupos deverão também enviar os projetos para o sistema da Nasa. O evento é promovido pela Universidade de Caxias do Sul (UCS), prefeitura de Caxias do Sul, InovaRS, Instituto Hélice e SebraeX.
Inteligência artificial para construir um assistente
O grupo Hubbe Nauts, formado por colegas de uma empresa de consultoria em sistemas de informação de Caxias do Sul, está empenhado na construção por meio da Inteligência Artificial (IA) que cria um copiloto, uma espécie de assistente pessoal de navegação, pensado para uma aventura espacial.
— É uma espécie de interface onde será possível interagir com o copiloto. Com os dados da Nasa, disponíveis aqui, podemos treinar essa inteligência artificial e a gente vai garantir que, quando o usuário pedir alguma informação para essa inteligência, ela consiga resolver. Também é importante acessar ferramentas como Microsoft e Google, onde podemos rodar esses protótipos na nuvem dessas empresas — explica Marcos Marcon, líder do grupo.
Pela manhã, o grupo trabalhava na definição da interface da solução, ou seja, no visual e na forma como o produto se apresenta ao usuário. Os seis integrantes estavam divididos entre quem pensava o design do produto, desenvolvimento do processamento de dados e na comunicação com o usuário.
— O mais legal é poder pensar em algo para o planeta, para o mundo, o que torna ainda mais desafiador — define.
Desbravando o eclipse
O desafio aceito pelo grupo Space is Key busca investigar os mistérios do eclipse, fenômeno astronômico que acontece quando a Lua passa entre a Terra e o Sol, cobrindo a maior parte do disco solar e deixando visível apenas um "anel de fogo" brilhante ao redor da borda. O objetivo é criar um jogo, uma atividade ou utilizando recursos audiovisuais que explique como funciona o fenômeno para quem está começando a descobrir os mistérios da ciência.
— Estamos em uma fase de brainstorming, identificando ideias para depois discutir cada uma delas. Com uma breve pesquisa conseguimos achar muitas opções e muitas formas de explicar esse fenômeno. Focamos no nosso público-alvo, que são alunos, que vão conhecer o eclipse pela primeira vez — explica Letícia Silva Kuwer, responsável pelo grupo.
Segundo ela, o desafio do grupo é contar uma história que seja atrativa e entendível para os mais novos. Por mais que o assunto esteja presente na sala de aula, a missão do grupo é usar o potencial da tecnologia para tornar o tema ainda mais atrativo aos estudantes das séries iniciais.
— Estamos em contato com termos e informações que não conhecíamos. No nosso caso, é muita leitura, não temos tratamento de dados, mas precisamos pesquisar a fundo para entender e nos tornarmos especialistas em eclipse — afirma.