A comunidade de São Sebastião do Caí, no Vale do Caí, espera para a metade de julho uma sinalização por parte do Estado a respeito da localização da praça de pedágio prevista para a RS-122, na área territorial do município. A manifestação é aguardada para ocorrer entre os dias 15 e 17 de julho, quando também devem ser divulgados dados preliminares de um estudo de tráfego que ocorre na região.
O levantamento começou em 9 de maio e foi encomendado pelo governo do Estado diante da resistência da comunidade com a localização proposta para as cancelas. Os dados são coletados a partir de câmeras instaladas em pórticos para monitorar as características do tráfego no entorno do ponto previsto para o pedágio. A estimativa é de que o estudo dure 90 dias, embora já seja possível analisar dados prévios ainda neste mês.
Os estudos que modelaram a concessão do bloco 3, que abrange o Vale do Caí e a Serra, previam inicialmente o pedágio no km 22,5 da RS-122, em Bom Princípio, em substituição à atual praça de Portão. Diante da reação dos moradores da cidade, o Estado mudou o endereço para o km 4 da RS-122, no bairro Areião, em São Sebastião do Caí. O contrato de concessão, no entanto, permite que a concessionária Caminhos da Serra Gaúcha (CSG) instale as cancelas a até cinco quilômetros de distância do ponto definido sem necessidade de aprovação do Estado. Por conta disso, a empresa definiu que o melhor ponto para cobrança é o km 4,6, próximo ao bairro São Martin, o mais populoso de São Sebastião do Caí.
Essa localização também desagrada os moradores. Um dos motivos alegados é que as cancelas vão dividir parte da cidade. Além disso, proprietários de áreas que seriam desapropriadas discordam do valor ofertado pela CSG.
Procurada pela reportagem, a Secretaria de Parcerias e Concessões do Estado disse que não irá se manifestar a respeito do estudo. Em nota, a pasta disse apenas que "mantem diálogo com a prefeitura, lideranças da região e a concessionária Caminhos da Serra Gaúcha". E que "no momento, estão sendo realizadas contagens veiculares e análise de perfil dos usuários para avaliar o impacto da praça na região".
Em audiência pública realizada em maio na Assembleia Legislativa, porém, o secretário-adjunto de Parcerias, Gabriel Ribeiro, havia dito que a definição aguardava o resultado do levantamento.
— O estudo é importante para que a gente possa tomar decisões a partir de evidências. (Para a modelagem da concessão) foram feitos estudos com projeções, que precisam agora ser confrontados com a realidade no momento em que ela acontece — afirmou.
Construção pode começar neste mês
Embora a finalização do estudo esteja prevista para o início de agosto, não está descartado o início da construção dos pedágios que integram a área de concessão da CSG ainda em julho. Segundo o diretor-presidente da CSG, Ricardo Peres, o cronograma, ainda em definição, inclui as cancelas de Flores da Cunha, Farroupilha, Carlos Barbosa, Ipê, Capela de Santana e também as de São Sebastião do Caí. A previsão anterior era iniciar as obras na metade de junho, já que a cobrança nas novas praças precisa começar até fevereiro do ano que vem.
Durante a audiência pública realizada em maio na Assembleia Legislativa, o diretor-executivo da CSG, Paulo Negreiros, disse que a empresa não se opõe a mudanças na localização do pedágio do Vale do Caí. Ele ressaltou, no entanto, que a decisão precisa ser tomada pelo Estado e precisa ocorrer dentro das regras do contrato.