Anunciados ainda em março e abril, os serviços para castrações em Caxias do Sul ainda não saíram do papel. A expectativa da Secretaria Municipal do Meio Ambiente (Semma), quando anunciou o convênio entre o Executivo e a Fundação Universidade de Caxias do Sul (FUCS), no dia 10 abril, era de que, em 40 dias, o convênio estaria assinado. O Castramóvel, unidade móvel para castração, também deveria entrar em operação em até 40 dias, de acordo com as informações da pasta, na ocasião. No entanto, até agora nenhum dos serviços está em funcionamento.
Segundo a responsável pela Organização Não-Governamental (ONG) Engenharia Solidária, Rejane Rech, a situação só não está pior porque as ONGs da cidade oferecem castrações gratuitas para a população que não tem condições de pagar de forma particular.
— A nossa ONG fez 80 castrações de graça no mês passado. Se não fosse o trabalho das organizações, a situação estaria muito pior. Nós vemos ninhadas abandonadas nas ruas, mas o poder público ignora os apelos pelas castrações. Eles dizem que vão fazer mudanças, mudar de clínica, mas não há vontade de fazer essas coisas acontecerem — explica.
De acordo com Rejane, o poder público não contratou, imediatamente, uma clínica para continuar com as castrações sem precisar parar e esperar contratos e questões burocráticas.
— Como isso não ocorre, nós temos um lapso temporal que permite novas ninhadas. Não existe vontade política da atual administração de fazer um programa contínuo de castrações. É um absoluto descaso com a situação animal — pontua Rejane.
A Semma, por meio de nota, afirma que "para o serviço começar a ser ofertado é preciso ter o veículo especial habilitado. A empresa responsável está ajustando o veículo devido a inconformidades no edital. Por isso, parte da documentação fica pendente para a formalização do contrato". A FUCS, também por meio de nota, explica que o "momento atual envolve alinhamento de documentações voltadas à formalização de contrato".
De acordo com o diretor do Instituto Hospitalar Veterinário da Universidade (IHVET), professor Leandro Ribas, o IHVET já conta com todas as estruturas físicas específicas habilitadas para o projeto. As atividades serão centralizadas no bloco cirúrgico, localizado no Bloco 47 do campus-sede da UCS (um dos ambientes que integram o IHVET), que terá sua estrutura especialmente dedicada aos serviços de esterilização animal previstos em convênio com o órgão público.
Ainda de acordo com a nota, a universidade já conta com funcionários para atender a demanda do poder público. Além disso, o plano de operação já incluiu realização de levantamento de castrações que fazem parte da lista de espera organizada pela Semma por regiões e bairros de Caxias do Sul, fundamentando a organização das atividades para atendimento dos objetivos estabelecidos.
A demanda atual estimada pela prefeitura é de cerca de 9 mil castrações de animais com tutores de baixa renda ou de rua. A estimativa é de, em média, 700 castrações mensais.