As 48 escolas de Educação Infantil de Caxias do Sul , que possuem gestão compartilhada entre três instituições privadas e a prefeitura, serão afetadas nesta segunda-feira (12) em razão de uma greve dos profissionais que pedem melhores condições de trabalho. A paralisação não atinge os alunos de Educação Infantil que são atendidos nas escolas municipais, onde o trabalho é realizado por servidores públicos.
A mobilização é organizada pelo Sindicato dos Empregados em Entidades, Culturais, Recreativas, de Assistência Social, de Orientação e Formação Profissional (Senalba). Segundo o sindicato, são 770 profissionais atuando nas 48 escolas. Os locais são administrados pelo Centro Cultural Jardelino Ramos, pelo Centro Filantrópico de Assistência Social Charles Leonard Simon Lundgren e pela EduCaxias.
Cerca de 6 mil alunos serão afetados com a interrupção temporária do serviço, segundo a prefeitura. A orientação da secretária de Educação, Sandra Negrini, é para que os pais não levem os filhos às escolas infantis do município nesta segunda.
— O Senalba nos passou que a greve é por tempo indeterminado. Não temos dimensão de quantos funcionários e quantas escolas irão estar paralisadas, então essa orientação é uma precaução. Iremos passar nas escolas amanhã (12) e avaliar, e aí vamos poder dar novas orientações aos pais para os próximos dias de acordo com a situação — disse.
Uma mobilização de educadores e demais funcionários das escolinhas está prevista para ocorrer a partir das 8h, em frente à sede da Secretaria de Educação, na Rua Borges de Medeiros, no Centro. No local, pode haver alterações no fluxo de trânsito devido à presença dos manifestantes. A fiscalização de trânsito e a Brigada Militar foram informadas da greve.
O que motiva a greve, segundo a categoria, é a reposição salarial demorada e a falta de profissionais, além de problemas na infraestrutura e condições de trabalho consideradas inadequadas pelos trabalhadores, como cozinhas com temperatura ambiente elevadas e falta de segurança. Segundo o sindicato, profissionais estariam sendo obrigados a ficar após o horário para reuniões e haveria uso de veículo particular dos funcionários para levar equipamentos das escolas para conserto, por exemplo. Segundo o presidente da Senalba, Claiton Melo, a categoria espera que o poder público apresente propostas, e irá decidir no final desta segunda-feira se a greve continua por mais dias ou não.
Em nota, a prefeitura afirmou que considera a greve como uma medida "descabida, inoportuna e prejudicial às famílias". O Executivo garante que "todos os direitos dos funcionários estão garantidos, incluindo salários pagos em dia, além de existir uma comissão de negociação tratando das reivindicações".
O que dizem os responsáveis pelas três instituições que administram as escolinhas infantis com gestão compartilhada:
Carlos Bender, chefe-geral da Educaxias:
“Nós temos uma preocupação muito grande como gestores de uma entidade que cuida de crianças. Com o acesso à alimentação, com a segurança fora do ambiente escolar. Nossas escolinhas foram visitadas por um órgão de nível federal e tiveram suas instalações elogiadas. Claro que eventualmente vai ter um probleminha ou outro, mas daí a falar em falta de condições de trabalho há uma longa distância. Sobre remuneração, nós entendemos que é um problema nacional a questão de remuneração dos professores. E Caxias paga mais do que Porto Alegre, por exemplo. Não estamos deixando de cumprir nenhuma regra que está no acordo coletivo válido até 2024. Estaríamos negociando esse ano apenas um percentual de reajuste, se não tivessem sido colocadas uma série de questões alheias à negociação, que gerou todo esse volume de demandas. Somos 770 profissionais, sendo que 240, menos da metade, optou pela greve. Nosso maior sentimento é em relação às crianças, que são uma preocupação que nós temos, assim como a que temos com os funcionários, que são muito bem tratados”.
Maristela Charles, chefe-geral da Ludgren:
“Penso que essa greve vem num momento inoportuno. A gente tem como prioridade o atendimento às crianças e percebe que elas vão estar desassistidas nesta segunda-feira. Por outro lado, houve o interesse tanto da prefeitura quanto das entidades, que estiveram o tempo todo abertas à negociação e à resolução dos problemas que foram levantados pelo próprio sindicato. Nunca se deixou de discutir aquelas questões que foram elencadas. Acho que a categoria tem o direito de decidir pela greve, foi respaldada pela decisão do desembargador, e essa semana será bem decisiva para a educação infantil do município. A gente lamenta principalmente pelas famílias que serão impactadas e pelas crianças que vão ficar fora da escola nesse período.”
Solange Pereira da Silva, supervisora administrativa da Jardelino Ramos
“Nunca nos fechamos para negociar e seguimos abertos a qualquer conversa para melhorar a condição de trabalho para todos. Foram levantadas questões como o perigo de reuniões noturnas, por exemplo, para as quais encontramos a solução com o teletrabalho. Mas há outras questões referentes a horário que são mais complicadas quando se trabalha com crianças de 0 a 5 anos. O que a gente pensa é que há famílias que realmente não têm condições de se organizar para deixar suas crianças com alguém, tem crianças que fazem as suas refeições só na escola, e agora vamos ver o que acontece amanhã (segunda-feira, 12). O que vai ser apresentado e o que a gente vai conseguir negociar para que tudo volte ao normal já na terça-feira (13).”