A educação muda o mundo. Partindo desse princípio, a Fundação Marcopolo altera a perspectiva de 20 mil adolescentes por ano através de projetos que levam esporte, cultura e capacitação profissional ao contraturno escolar de estudantes de Caxias do Sul, Farroupilha e São Mateus-ES.
Do grupo de jovens atendidos, 60% são filhos de funcionários e 40% estudantes de instituições contempladas pelo Projeto Escolas nas cidades onde a Marcopolo está instalada. A fundação completou 35 anos de atuação com novidades nas áreas de criatividade e profissionalização dos jovens.
— Passamos por um momento histórico. De alguma forma, a pandemia deixou claro que precisamos fazer algo pela juventude para não termos problemas no futuro. Só com educação teremos cientistas ou especialistas em pigmentos e designers pra desenvolver ônibus, por exemplo — afirmou o coordenador da Fundação, Luciano Balen.
À frente da iniciativa, que surgiu por meio de um time de futebol em 1985, Balen compreende que são ações como a Escola de Criatividade que fazem a Fundação Marcopolo executar um velho clichê: o de ensinar a pescar. E o caminho encontrado para chegar a isso foi estimular a curiosidade.
— É isso que estamos fazendo, cada vez menos executando um papel emergencial para fazer o papel de dar uma perspectiva estruturante às novas gerações. A Escola de Criatividade é um local onde eles podem errar, ali é o local de experiências que eles devem chegar com dúvidas e sair com mais e melhores perguntas — contou.
Natural de San Félix, a venezuelana Abde Rodriguez, 14 anos, passou a frequentar as oficinas depois do pai ser contratado como soldador e se associar à iniciativa ao destinar 0,4% do salário para o caixa da fundação. A taxa paga pelo pai de Abde, somada a dos colegas, arrecadou, em 2022, mais de R$ 1,3 milhão. Dessa forma, com subsídios próprios e doações, a fundação possibilita que as perspectivas de futuro da adolescente sejam ampliadas.
— Ficaria em casa no tédio, porque não teria nada pra fazer. Aqui faço curso de desenho, pensamento computacional e programação. Aprendi sobre escritores, músicos e artistas — contou.
Os braços da Fundação Marcopolo, que teve orçamento de R$ 8,1 milhões no ano passado, se estendem ainda a projetos como o Hip Hop nas Escolas e o Acolher, onde são atendidas 50 crianças institucionalizadas em Caxias do Sul, moradores de casas lares que têm atendimento psicológico ofertado pela iniciativa.
O promotor do esporte Lucas Roberto Zanotti acompanhou a evolução e as ramificação dos projetos desenvolvidos. Zanotti começou com aulas de futsal há mais de 10 anos e agora pode acompanhar ex-alunos seguindo os passos dos pais e sendo contratados pela Marcopolo.
— A fundação ampliou o olhar do esporte interno e agora desenvolve toda a comunidade, não só a família do colaborador — disse.
Projeto Escolas completa 20 anos
Foi a partir da sugestão dos próprios colaboradores que, em 2003, a Fundação Marcopolo iniciou um trabalho de intervenção pedagógica e estrutural em escolas de Caxias do Sul e Farroupilha. Atualmente, o trabalho é realizado em seis escolas municipais: Armindo Turra, Presidente Tancredo de Almeida Neves, Ruben Bento Alves e Senador Teotônio Vilela.
A EMEF Vitório Rech Segundo completa a lista de parceiras e já no primeiro ano pôde adquirir móveis para a sala da Educação Infantil e brinquedos para o parquinho. Além de estruturar o prédio, teve financiada a formação continuada dos professores e a presença de uma psicóloga disponível uma vez por semana.
Quem comemora é a diretora, Rosane da Silva Lauer, que vê as possibilidades de educação serem ampliadas:
— Sempre que a escola tem alguma demanda, entramos em contato com os responsáveis pelo projeto, que prontamente tentam auxiliar da melhor maneira possível. Recentemente, após recorrermos à Fundação, conseguimos parte do recurso necessário para trabalharmos com livros e trazer uma peça teatral do Grupo Ueba.