Se o cronograma correr conforme o previsto, ainda em 2023 os caxienses devem observar as primeiras obras para eliminar um importante gargalo do trânsito da cidade. A extensão do trecho final da Rua Marechal Floriano, no bairro Pio X, está com projeto avançado e depende apenas da desapropriação de imóveis para os encaminhamentos de execução do trabalho. As negociações, contudo, já estão em andamento e a desocupação foi aceita pelos proprietários.
O objetivo é estender a via em cerca de 300 metros, a partir da Rua Jacinto Madalosso até o entroncamento das ruas Visconde de Pelotas e Moreira César com a Avenida Rossetti. Atualmente, a Marechal Floriano termina na Jacinto Madalosso. Isso obriga os motoristas que estão na Marechal a converter à direita e seguir até a Visconde, em frente à agência do INSS. Dessa forma, o fluxo da Marechal se soma ao da Visconde, sobrecarregando o trecho final da via. Com a ampliação da Marechal, será possível seguir para a zona norte acessando diretamente a Moreira César.
Conforme o secretário de Trânsito de Caxias, Alfonso Willembring, o projeto integra a criação de um eixo norte-sul de mobilidade urbana, que será utilizado para uma nova fase de troncalização do transporte coletivo no futuro.
— A extensão da Marechal é mais uma parte desse projeto. Para o eixo ficar completo, ainda falta um outro projeto gigante, que é o binário da Avenida São Leopoldo — adianta o secretário.
Para a ampliação da Marechal, serão retirados dois imóveis, dos quais o mais visível é o que abrigava o Motel Florenza. Uma vez demolidas as construções, porém, as equipes não devem enfrentar grandes dificuldades na criação da via.
— A Marechal é uma área completamente plana e não temos grande obras de drenagem. Só temos que resolver a questão do entroncamento, que vai precisar de algum equipamento viário que ainda vamos estudar — explica o secretário.
Apesar dos trâmites avançados, ainda não há data para o início das obras porque o município também precisa decidir a forma de contratação dos trabalhos. Além de realizar licitação, uma das possibilidades estudadas é a contratação da Codeca. O valor da obra e das desapropriações ainda não está definido.
Binário da São Leopoldo
O binário da Avenida São Leopoldo, mencionado por Willembring, é outro projeto fundamental para a troncalização norte-sul do transporte coletivo. A proposta é a criação de uma via paralela à São Leopoldo, que terá mão única no sentido sul-norte. Já a atual avenida terá trânsito exclusivamente no sentido centro-bairro.
— Quem sobe hoje a São Leopoldo (e passará a usar a nova rua), através de uma elevada, vai sair diretamente na Marechal Floriano. A via já existe, mas hoje é uma via local, muito estreita — explica o secretário.
Por ser uma obra mais complexa e cara devido ao terreno acidentado, o binário da São Leopoldo está mais distante de virar realidade. Nos últimos meses, inclusive, a reconstrução de uma galeria de drenagem tem desafiado equipes do município e exigiu demolição de construções. A rede de escoamento da água da chuva é um dos principais pontos a serem observados nas obras. Apesar disso, o objetivo da prefeitura é pelo menos contratar os projetos ainda em 2023. O município também precisa viabilizar o orçamento para a obra.
Projeto semelhante para a Coronel Flores
Outro projeto em andamento na Secretaria de Trânsito é o binário da Rua Matteo Gianella. Com trânsito conturbado principalmente em horários de pico, a via é outro gargalo no trânsito de Caxias. A solução passa por tornar a rua mão única no sentido bairro-centro, entre a Rua Cristóforo Randon e a junção com a Rua Feijó Júnior. Para isso, será necessário estender a Rua Coronel Flores, que irá se conectar à Rua Maximiliano Meletti, uma via secundária paralela, à Matteo. Por meio dessa via, os motoristas poderão seguir em direção ao bairro, voltando a acessar o trecho de mão dupla da Matteo a partir da Cristóforo Randon.
O município já decretou utilidade pública em imóveis que precisam ser desapropriados, mas ainda não há negociações avançadas. Por conta do relevo, a expectativa é de que a obra seja cara e complexa, já que a quantidade de imóveis a serem removidos é maior. Apesar disso, os trâmites devem estar entre as prioridades da segunda metade da atual administração.

Rua vai cruzar área histórica
Atualmente, a Coronel Flores termina na Rua Ernesto Alves. Para avançar com a pavimentação e conectar com a Maximiliano Meletti, é preciso cruzar a área onde ficava, há cerca de um século, a vila operária do antigo Curtume Tupy, localizado entre o centro e o atual bairro Pio X. Pelo menos uma casa já antiga, no fim da Coronel e partes de outras construções precisam ser removidas nessa região. Apesar disso, o secretário Alfonso Willembring acredita não haver empecilhos em relação ao patrimônio histórico para viabilizar o projeto.
De acordo com o historiador Juventino Dal Bó, não há mais sentido em pensar em preservação daquela região, porque os imóveis característicos da vila operária não existem mais.
— Foi um curtume importante para Caxias, mas a população era muito contra, era um local que incomodava pelo cheiro e poluição do arroio que passa por ali. Se ainda tivesse sobrado uma casa significativa ou parte do prédio do curtume se poderia preservar para manter o conjunto — avalia.