Destino dos moradores da Serra, especialmente de Caxias do Sul, Arroio do Sal vê a população passar dos 11.082 mil habitantes, segundo a prévia do Censo, para cerca de 120 mil no verão, número computado no último feriado de Ano-Novo. Esse aumento populacional também impacta na geração de lixo no município litorâneo, que tem 27 quilômetros de extensão em praias.
O volume produzido todos os dias no verão é 239% maior do que a quantidade de lixo que é recolhida diariamente em outras épocas. Na baixa temporada são colhidos por dia cerca de 280 toneladas de lixo. Porém, na alta temporada, esse número sobe para 950 toneladas, e às vezes, chega até mil toneladas. Tanta quantidade exige que a prefeitura altere a logística na coleta dos resíduos para manter a cidade limpa.
— Nós temos hoje seis caminhões fazendo coleta direto e recolhendo o lixo no Centro e nos balneários que nós temos no município. Temos uma extensão de 27 quilômetros de município, que é bastante longo. Na época de baixa temporada, são dois a três caminhões que fazem faz a coleta todos os dias no Centro e um dia sim outro não nos balneários — explica o secretário municipal de Meio Ambiente, Agropecuária e Pesca, Luiz Carlos Schmitt.
O lixo é levado para a Central de Triagem e Compostagem de Arroio do Sal. O espaço fica no Balneário Camboim. Antes de junho do ano passado, o local era chamado de transbordo. Ali, os resíduos são separados por profissionais ligados à Cooperativa Coopersal.
Por ser uma cidade litorânea, não é permitida a construção de um aterro em Arroio do Sal em razão do lençol freático ser muito sensível. Por isso o município. tem que encaminhar o lixo para aterros licenciados em outras regiões do Rio Grande do Sul ou de Santa Catarina:
— Nós temos agora a continuidade do nosso projeto para a Central com a colocação de um forno para carbonização desses de produtos que não tem como reaproveitar, antes de encaminhar para o aterro sanitário. Com isso, a gente reduz em torno de 80 a 90% da unidade. Reduz o tempo que eles ficarão na natureza e essa cinza será coletada para a produção de brinques de cimento para pavimentos nas nossas ruas — explica Schmitt.
Além disso, a prefeitura informa que fiscaliza e faz coleta de móveis que são deixados em terrenos ou calçadas:
— O pessoal gosta muito de limpar os seus jardins, cortar a grama, então é feito também a coleta dos resíduos das árvores, que é licenciado pela nossa secretaria. E é um trabalho de conjunto, não para nunca. Cada ano que passa, nós temos que fazer investimentos. É um trabalho de formiguinha, mas acho que o município está bem pela quantidade de pessoas que vêm nos visitar.
Fonte de renda
A Central de Triagem conta com equipamento automatizado que tem a capacidade de processar cerca de 100 toneladas de resíduos sólidos a cada 10 horas, gerando material (plástico, ferro, adubo orgânico) para comercialização nas indústrias.
O que não é possível aproveitar na triagem e compostagem é destinado ao forno de carbonização. A ideia é reduzir o volume e alcançar 100% de aproveitamento de toda a coleta do município. Há um galpão onde os móveis e eletrodomésticos são desmanchados e os materiais reaproveitados.
Se para a cidade a produção de lixo provoca transtornos, para os recicladores o aumento é positivo.
— Das 950 toneladas de lixo urbano recolhidas em dezembro, 470 foram transportadas para São Leopoldo em um aterro que pertence à Minas do Leão. O restante ficou para a reciclagem. Para a cooperativa é positivo. O lixo é luxo para muitos — acrescenta o secretário.
Na manhã desta quinta-feira (12), os trabalhadores realizavam a triagem do material coletado para depois encaminhar para venda.
— Na baixa temporada vem 20 toneladas e na alta aumenta para cerca de 70 — afirma João Marcelino Brito, 59, que é natural de São Francisco de Paula, mas vive no litoral há 20 anos.
Helen Dias, 40, está na Central de Triagem há cinco meses.
— Para nós essa produção do lixo é positiva. É daqui do lixo que tiro minha fonte de renda — garante a mulher.
Lixeiras para coletar vidros
O município implantou duas lixeiras para coletar vidros, uma delas na Avenida Beira-Mar em frente à Praça do Mar e irá disponibilizar outras três nos próximos dias. O secretário Luiz Carlos Schmitt explica que a questão do vidro é um problema nacional.
— Hoje os compradores pagam muito pouco para os catadores, então muitas vezes eles preferem recolher garrafa PET, latinhas e papéis do que recolher vidro. Para nós e muitos outros municípios, é um grande problema porque tem a questão de peso, de volume que cria dentro também.
— A base do vidro é o silício e você gasta muita energia elétrica para geração de novos vidros. Com o caco de vidro reduz em torno de 25% só de energia elétrica na produção de novos vidros. Então, é um caminho certo a coleta para reciclar esse material — complementa Schmitt.