A reunião mediada pelo Ministério do Trabalho e Emprego terminou com uma proposta para encerrar a paralisação dos funcionários da Visate, que deixou Caxias do Sul sem transporte coletivo na manhã desta terça-feira (8). A proposta, no entanto, foi votada em assembleia dos funcionários logo após o encontro entre empresa, prefeitura de Caxias e Ministério, mas não foi aceita. O serviço, então, segue paralisado e nenhum ônibus saiu da empresa. Uma negociação ocorre para iniciar a operação de algumas linhas do transporte coletivo, pois, se permanecer a paralisação completa, a greve deverá ser considerada ilegal, conforme exposto pelo Ministério na reunião.
A paralisação começou nesta terça-feira porque os funcionários receberam apenas 30% do salário deste mês. Para retomar o serviço, a proposta da Visate foi realizar o pagamento de mais 30% dos salários até as 16h desta terça. A concessionária também se compromete a efetuar o pagamento do restante dos salários até a quarta-feira (9). Para isso, conta com um valor que será repassado pela prefeitura de Caxias do Sul.
O secretário municipal de Trânsito, Transportes e Mobilidade, Alfonso Willenbring Júnior, participou da reunião e afirmou que a prefeitura irá repassar à Visate pelo menos metade dos R$ 6.345.979,26 oriundos Governo Federal, pela emenda constitucional nº 123, que tem por objetivo atenuar os efeitos da elevação extraordinária dos preços do petróleo e seus derivados.
A assembleia ocorreu na frente da empresa, no bairro Esplanada, onde os servidores estão mobilizados. Após a decisão, o Sindicato dos Rodoviários se reúne novamente com representantes da Visate, pois na reunião com o Ministério do Trabalho e Emprego ficou acordado que, ainda nesta terça, será prestado o serviço básico de transporte público. Para esta operação, o Sindicato e a Visate precisam conseguir a participação de pelo menos 50% dos funcionários paralisados. O temor é que medidas judiciais podem ser tomadas se a paralisação continuar.
— O trabalhador é quem decide. Somos os mediadores. Trouxemos a proposta e o trabalhador não está aceitando. Agora estamos conversando com todos porque é preciso colocar os carros (ônibus) nas ruas. Foi acertado com o Ministério. Um percentual (da frota) é preciso colocar por lei. O trabalhador precisa decidir quem irá trabalhar e quem não vai — aponta o Tacimer Silva, presidente dos Sindicatos dos Rodoviários.
— Nossa orientação foi retomar a atividade. Democraticamente, por maioria, não aceitaram. Precisamos estabelecer um percentual de serviço essencial na greve. Iremos conversar com cuidado para retomar, pelo menos, o serviço essencial — argumenta o advogado do Sindicato dos Rodoviários, João Batista de Oliveira.
O gerente regional do Ministério do Trabalho e Emprego, Vanius Corte, participou do encontro no final da manhã:
— Se continuarem com este movimento, precisam garantir o mínimo de transporte nos horários normais e nos horários de pico. O sindicato precisa fazer esta composição com a empresa, definindo o percentual da frota. A frota 100% parada é ilegal e poderá ter decisões judiciais. Se é uma greve, precisam fazer da maneira correta. O sindicato, até então, chamava de protesto. Protesto tem prazo determinado, o que terminou. É uma atividade essencial e para fazer uma greve há exigências previstas na lei.