Técnicos e auxiliares em enfermagem paralisaram atividades, nesta quinta-feira (29), e estão mobilizados em frente ao acesso dos funcionários do Hospital Tacchini, na Rua Saldanha Marinho, no Centro de Bento Gonçalves. A manifestação é contra a suspensão da lei que fixa o piso salarial da categoria, por decisão do Supremo Tribunal Federal (STF). A ação começou por volta das 6h30min e deve se estender por 24 horas, se encerrando na manhã de sexta-feira (30).
De acordo com a presidente do Sindicato dos Empregados em Estabelecimentos e Serviços de Saúde de Caxias do Sul (Sindisaúde), Bernardete Giacomini, cerca de 150 profissionais estão envolvidos na paralisação. Por ser considerado um serviço essencial, 30% dos atendimentos estão mantidos na instituição de saúde.
Nesta quinta-feira (29), profissionais seguravam cartazes com frases como "Enfermagem em luto", "Enfermagem merece respeito e valorização" e "Piso salarial digno para os que cuidam da sua saúde", entre outros.
— É mais uma mobilização da categoria porque entendemos como justa e necessária a aplicação da lei. Enquanto estavam todos em casa, esses profissionais estavam trabalhando, salvando vidas e merecem o reconhecimento — protestou Bernardete.
Essa é a terceira paralisação na Serra. Antes, houve mobilização de profissionais do Hospital Geral e também do Hospital da Unimed, em Caxias do Sul. Novos protestos em outras instituições da Serra não estão descartadas, segundo ela, já que o Sindisaude representa os técnicos e auxiliares de enfermagem de 27 municípios da região.
Por meio de nota, o Hospital Tacchini informou que os atendimentos ambulatoriais não estavam funcionando durante a realização da paralisação e casos não urgentes estavam com tempo de espera maior que o usual. A instituição classificou ainda o ato como descoordenado e informa ainda que foram remanejados profissionais de outros setores para garantir atendimentos de urgências e emergências.
O posicionamento do Hospital Tacchini afirma ainda que a instituição entende a reivindicação como justa e meritória, mas lamentou a falta de posicionamento político na busca de encontrar fontes de recursos financeiros para arcar com os custos provenientes da nova política de salários.
No dia 15 de setembro, o plenário do STF manteve uma decisão do ministro Luís Roberto Barroso que suspendeu a lei que fixa pisos salariais para enfermeiros, técnicos de enfermagem, auxiliares de enfermagem e parteiras. A suspensão vale até que sejam analisados os impactos da medida na qualidade dos serviços de saúde e no orçamento de municípios e estados.
A norma foi aprovada em julho pelo Congresso e sancionada em agosto pelo presidente Jair Bolsonaro (PL). O piso salarial de enfermeiros foi fixado em R$ 4.750,00. A norma também determinou que a remuneração de técnicos de enfermagem, auxiliares de enfermagem e parteiras seja calculado com base nesse montante.
Confira a nota do Hospital Tacchini
“O Hospital Tacchini informa que, devido a paralisação de parte dos profissionais da enfermagem, os atendimentos ambulatoriais realizados pelo hospital não estão ativos e casos não urgentes possuem tempos de espera maiores do que o usual. A restrição dos serviços deve durar até o final da greve, prevista para encerrar no dia 30 de setembro, às 6h30.
Tacchini acredita que a reivindicação do aumento do piso da categoria é justa e meritória. Contudo, a instituição lamenta a falta de posicionamento dos agentes públicos responsáveis pela criação da lei (atualmente suspensa pelo Supremo Tribunal Federal) na busca das fontes de financiamento para arcar com os custos adicionais da nova política de salários de enfermeiros, técnicos de enfermagem, auxiliares de enfermagem e parteiros.
Seguimos, junto com as entidades representativas dos hospitais brasileiros, buscando uma solução para o tema junto ao Congresso Nacional.
Cabe ressaltar ainda que a paralisação está sendo conduzida de forma descoordenada. Nem mesmo as Leis que versam sobre o regramento da greve em caso de serviços essenciais estão sendo cumpridas em parte dos setores, trazendo prejuízos e podendo colocar em risco a comunidade.
Como forma de mitigar os impactos causados à comunidade pela paralisação, o Tacchini trabalha para remanejar profissionais de outras áreas para auxiliar no atendimento de urgências e emergências. Também por isso, diversas atividades hospitalares estão funcionando de forma parcial até o final da paralisação, podendo ocasionar demora no atendimento.
Pedimos a compreensão e colaboração de todos nesse momento de exceção.”