Iniciou nesta sexta-feira (9) a votação que irá decidir se a liminar que suspendeu a aplicação do piso salarial da enfermagem será mantida ou não. Em protesto contra a decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luís Roberto Barroso que suspendeu a lei aprovada no Congresso em julho deste ano, profissionais da enfermagem de Caxias do Sul se reuniram em frente do Hospital Geral (HG) e bloquearam uma das pistas da BR-116. A manifestação iniciou às 11h e o trânsito foi liberado às 14h.
O piso seria pago pela primeira vez nesta segunda (5) e foi fixado em R$ 4.750, para os setores público e privado. O valor ainda serve de referência para o cálculo do mínimo salarial de técnicos de enfermagem (70%), auxiliares de enfermagem (50%) e parteiras (50%).
A decisão que suspendeu a implantação do piso vale até que Estados, municípios, órgãos do governo federal, conselhos e entidades da área da saúde informem, em 60 dias e detalhadamente, o impacto financeiro para os atendimentos e os riscos de demissões diante da implementação do piso.
Vestida de palhaça, a técnica em enfermagem do Hospital Pompeia Emanuele Fracasso de Lima, 21 anos, se manifestou contra a decisão do STF:
— Ninguém entende o que passamos nos hospitais: a gente dá banho, apoio e medicação aos pacientes. Sem a gente os médicos ficam desamparados.
No domingo, data da suspensão da aplicação do piso, Emanuele estava de plantão e foi tomada pela desesperança após vibrar com a decisão de que finalmente poderia contar com um piso salarial.
— O ministro está fora da realidade. Os hospitais investem muito em tecnologia, são comprados equipamentos de milhões de reais e nosso salário sempre fica para depois. O assunto será esquecido e seremos postos para escanteio novamente — diz.
Este foi o segundo protesto da semana. No domingo (4) profissionais da categoria se manifestaram pela área central de Caxias a favor do piso salarial. Enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem, e também apoiadores, passaram por três unidades hospitalares.
De acordo com a presidente do Sindicato dos Empregados em Estabelecimentos e Serviços de Saúde de Caxias do Sul (Sindisaúde), Bernadete Giacomini, novos protestos podem voltar a ocorrer em qualquer um dos 27 municípios atendidos pela entidade. Greves e paralisações também não estão descartadas diante da mobilização que foi presenciada nesta sexta-feira.
— Tudo vai depender da votação dos ministros do STF, mas a mobilização vai continuar. A categoria está muito descontente e, dependendo do trabalhador, poderão ser organizadas paralisações de curto período para demonstrar a insatisfação — afirmou.