Iniciada em 8 de agosto, a Campanha Nacional contra a poliomelite determina como meta que todos os municípios brasileiros tenham ao menos 95% da população entre um e cinco anos imunizada. Para atingir o índice de cobertura vacinal, ainda tímida e com baixa adesão a 10 dias do fim do prazo, municípios foram convidados pelo governo do Estado a oferecem a gotinha dentro das instituições de ensino com a autorização dos pais e responsáveis.
Na Serra gaúcha, Bento Gonçalves aderiu a mobilização e iniciou, nesta quarta-feira (31) a distribuição de doses em 40 Escolas de Educação Infantil do município. Com cadernetas de vacinação na mochila e a autorização dos pais, cerca de 80% dos 95 alunos da Leke Treke, no bairro Botafogo foram imunizados pela manhã, e nas palavras da diretora Kelen Baggio, voltaram às salas "se sentindo super heróis".
— As crianças acreditam na Escola, tudo que é oferecido aqui é bom para eles. Vieram todos muito convictos, receberam a gotinha e agora se sentem mais fortes. Vai ser um dia muito bacana na escola — contou Kelen.
Além de atingir a meta e conscientizar para a importância de manter a poliomielite erradicada, a imunização no ambiente escolar muda a forma como as crianças encaram enfermeiras e vacinas, mesmo que, neste caso, não sejam injetáveis e sim aplicadas via oral.
— Com as profes eles são muito diferentes, na escola as vacinas parecem que não doem como no posto — constatou a diretora que, ao lado das enfermeiras da Secretaria Municipal de Saúde, teve acesso às cadernetas de vacinação das crianças e pôde enviar avisos sobre eventuais atrasados no calendário vacinal dos alunos.
De acordo com a secretária da Saúde, Tatiane Fiorio, a administração das doses contra a poliomielite nas escolas faz parte de uma primeira fase da campanha que poderá ser ampliada para outros imunizantes e faixas etárias.
— Sempre que a gente puder facilitar e chegar mais próximo, todos ganham. Todas as vacinas são importantes e, em um segundo momento, temos esse projeto de alcançar aos adolescentes — explicou Tatiane.
A mobilização iniciada nesta quarta-feira (31) é uma ação conjunta entre as Coordenadorias Regionais de Educação (CREs), Coordenadorias Regionais de Saúde (CRS), prefeituras e Secretaria Estadual da Saúde (SES). Para a secretária adjunta de Saúde do Estado, Ana Costa, o objetivo é que os municípios desenhem as estratégias, junto das escolas, para garantir a cobertura.
— Tivemos o cuidado de contar com todas representações de escolas públicas e privadas para justamente não fazer restrição, onde o município conseguir alinhar com a escola, ele vai dar acesso ao grupo que ali está — contou Ana ao Gaúcha Atualidade, da Rádio Gaúcha nesta manhã.
Para os pais de Bento Gonçalves, a vacina contra a poliomielite, que agora vai até o seu público e não mais o contrário, representa facilidade e alívio. Afinal, quanto mais crianças imunizadas menor é a chance da doença voltar a ocorrer. O raciocínio é da professora Indianara Pastoriza, 29 anos, que ao final da tarde buscará o filho Miguel, 4, imunizado na escola onde o deixou pela manhã.
— É muito bom, a maioria trabalha fora e facilita para o pai e a mãe que só tem o final de semana livre para ir à UBS — citou.