Três hospitais da Serra aguaram com expectativa a reunião com o governador Ranolfo Vieira Júnior, na próxima sexta-feira (3), sobre as novas tabelas do IPE Saúde. O Hospital Tacchini, de Bento Gonçalves, e os hospitais Pompéia e Virvi Ramos, de Caxias do Sul, fazem parte da ameaça formal que deu prazo de 24 horas para o governo estadual suspender três novas tabelas de remuneração usadas pelo IPE Saúde para pagar os prestadores de serviços. Até a próxima reunião, os atendimentos estão mantidos.
Caso não ocorra a suspensão dos novos valores, que representariam uma queda de receita para as instituições, os representantes dos hospitais afirmaram que os atendimentos eletivos, desde consultas até cirurgias, seriam suspensos a partir desta quarta para os segurados do plano de saúde dos servidores estaduais. Na noite passada, o Piratini distribuiu nota anunciando o agendamento de uma reunião na sexta-feira para discutir a crise, manifestando desejo de que, até lá, os atendimentos fossem mantidos. As entidades decidiram acatar, em sinalização de disposição ao diálogo.
Esta ruptura poderá impactar a vida de cerca de 1 milhão de usuários do plano dos servidores estaduais do Rio Grande do Sul. A notificação foi coordenada pela Federação das Santas Casas e Hospitais Beneficentes, Religiosos e Filantrópicos do RS e pela Federação dos Hospitais e Estabelecimentos de Serviços de Saúde no RS (Fehosul). As duas entidades representam a totalidade dos prestadores de serviço do IPE Saúde, incluindo 315 hospitais, clínicas e laboratórios credenciados.
Procurados pela reportagem, os três hospitais da Serra preferem não se manifestar no momento. O Pompeia e o Virvi Ramos responderam que aguardam a posição do Governo do Estado e as tratativas da próxima reunião. O Tacchini afirma que as informações estão sendo divulgadas de forma coletiva pela Fehosul.
A notificação entregue na terça-feira (31) foi uma resposta à direção do IPE Saúde, que, no dia 26 de maio, colocou em vigor três novas tabelas de remuneração para pagamento dos prestadores de serviço pelo uso de medicamentos, pelas diárias de internações e taxas de infusão para tratamentos oncológicos. Conforme cálculos do próprio IPE Saúde, a queda de receita anual para os hospitais credenciados será de R$ 60 milhões.
Presidente da Federação das Santas Casas e Hospitais Beneficentes, Luciney Bohrer, antecipa que, caso as três novas tabelas de remuneração não sejam canceladas após o encontro com o chefe do Executivo, será efetivada a medida mais drástica.
— (Se isso acontecer) A partir de segunda estarão cancelados os atendimentos eletivos. Serão mantidos somente urgências e tratamentos de pacientes oncológicos e hemodiálises. Vai ser assim pelo menos até nova decisão, que poderá ser até de descredenciamento de vários serviços — diz Bohrer, citando hipótese que representaria ruptura com o IPE Saúde.
A direção do IPE Saúde tem dito que a nova tabela de medicamentos, a mais determinante para a queda de receita, está adequada a valores de mercado. Antes, aponta a autarquia, havia valores acima das boas práticas, inclusive com apontamentos do Ministério Público.