A secretária municipal da Educação de Caxias do Sul, Sandra Negrini, estima que de 15% a 20% das peças de uniformes entregues aos alunos da rede municipal tenham apresentado divergências de tamanho até o momento. A expectativa é de que a entrega do vestuário de verão seja finalizada até a próxima sexta-feira (18) e uma calça e um casaco, considerados de inverno, sejam disponibilizados aos alunos em abril.
A secretária avalia que já era esperado que ocorressem situações com incompatibilidade de tamanhos, uma vez que são seis peças em cada um dos 42 mil kits distribuídos à rede municipal. Ela ainda afirma que para as peças de inverno houve necessidade de esperar um prazo maior, em função do material, que é diferenciado e teve atraso na entrega à empresa que confecciona.
— Temos de tudo, há escolas com menos divergência (de tamanhos), outras com mais. As escolas aproveitaram pedagogicamente isso e fizeram trocas internas, mostrando aos alunos o que fazer nestas situações. Aquilo que, por ventura, sobrou ou faltou a empresa está indo (nas instituições) e fazendo a substituição. Mas é normal, temos que pensar que são 42 mil kits, cada um com seis peças — esclarece a secretária da Educação.
Sandra também pontua que as escolas estão fazendo uma espécie de banco de uniformes. No caso de alunos que saem da rede municipal para escolas estaduais ou particulares, a recomendação é a devolução das peças. Mesma situação dos alunos do nono ano que, em dezembro, concluem o Ensino Fundamental e migram para o Ensino Médio. Já quem chega às instituições municipais terá o uniforme garantido. As famílias precisam assinar um termo de responsabilidade, onde se comprometem a conservar e zelar pelos kits.
Também foi criado um canal exclusivo para as escolas, via e-mail, para formalização de casos em que as peças não serviram nos alunos e não foi possível organizar a troca dentro da própria instituição.
— É um processo inédito, são muitas escolas e muitas crianças. A empresa está com uma equipe grande para tentar acelerar todo o processo — argumenta Sandra.
Escolas organizam entregas
O envio dos kits às escolas municipais iniciou no dia 10 de fevereiro. Coube a cada instituição definir o formato de entrega aos estudantes. Na Escola Municipal José Protázio Soares de Souza, no bairro Jardim Eldorado, a direção optou por fazer um mutirão em um sábado. São mais de 900 estudantes atendidos. A intenção era, também, desocupar o laboratório de informática onde as peças foram armazenadas.
— Fizemos a força-tarefa com os profes para liberar o espaço. Depois fizemos como se fosse uma loja, com caixas de numeração com os tênis e as peças que sobraram. Agora, estamos ajustando para aqueles que não conseguiram, que as peças ficaram pequenas ou grandes — conta a diretora Letícia Comerlato, detalhando que quatro famílias optaram por não retirar as peças.
Já na Escola Municipal Dolaimes Stédile Angeli, no bairro Centenário, a direção estima que apenas 50% do total de 650 alunos tenha recebido os kits com os uniformes até esta segunda-feira (14). A expectativa é que até o fim do mês todos os alunos sejam contemplados. Ela aponta que, em geral, os pais se mostraram satisfeitos com os uniformes.
— Teve alguns kits que, por exemplo, vieram com duas jaquetas, ao invés de uma jaqueta e uma calça. Mas são coisas que, quando feitas em grande escala, acabam acontecendo. A grande maioria dos pais gostou bastante, os alunos ficam bem bonitinhos e bem identificados. Reclamação quanto às peças eu não tive, só quanto à troca de alguns tamanhos — comenta a diretora Isabela Canali Santos.
Assunto foi debatido na Câmara de Vereadores
O kit de uniformes entregue pela prefeitura foi tratado em sessões da Câmara de Vereadores na semana passada. Em sua fala na sessão ordinária do dia 9, o vereador Mauricio Marcon (Podemos) criticou a forma de medição das peças e a distribuição a todos os alunos da rede municipal.
— Eu só quero fazer uma crítica construtiva em relação à logística de distribuição dos uniformes. Tenho certeza que a grande maioria dos vereadores recebeu alguma reclamação de não ter servido, enfim, tudo o que vocês já devem imaginar. Esse negócio que foi feito de medidas eu acho que foi uma coisa completamente desnecessária (...). Todo mundo sabe que tem crianças na rede municipal que não precisam de tênis, não precisam de meias, não precisam de jaqueta. Elas não precisam, simplesmente, não precisam — argumentou o parlamentar.
No dia seguinte, a vereadora Marisol Santos (PSDB) também usou a sua fala na tribuna para opinar sobre a entrega das peças aos estudantes.
— Eu quero reforçar aqui que são mais de 42 mil kits com camiseta manga longa e curta, calça, tênis, dois pares de meia, jaqueta. Lembrando que as peças de inverno, a jaqueta e a calça, vão ser entregues mais adiante (...) Então, é preciso um pouquinho de calma, para que todos os tamanhos sejam equalizados, para que todos sejam entregues. Aí é importante frisar que as escolas têm compreendido isso. O relato, inclusive, é de que os uniformes estão sendo muito elogiados pelas famílias, pelos diretores — contrapôs Marisol.
O QUE DIZEM OS PAIS
"Um uniforme que não tem o logo da escola não promove nenhuma segurança. No nosso entendimento, o uniforme serve para identificar o aluno de determinada escola, dentro e fora do ambiente escolar. Por exemplo, se acontecer um acidente no percurso, facilmente pode ser identificado de onde o aluno é e pode-se chegar aos pais ou responsáveis. No caso desse uniforme que a prefeitura está doando não se sabe de qual escola o aluno é. A gente entende que o valor investido poderia ser usado em outras coisas que as escolas precisam. Além disso, para muitos não serviram. No meu filho não serviu nada, a não ser o tênis".
Joelma Esteves, mãe de Lucas, aluno do sétimo ano da Escola Municipal Padre Antônio Vieira.
"Achei muito boa (a entrega dos uniformes pela prefeitura) porque sempre tivemos que pagar. Ganhando, é um custo a menos, ainda mais para mim que tenho três, sai bem caro. Para os meus, vieram certinho os tênis, as camisas, com qualidade boa. Já faz mais de uma semana e meia que estão usando".
Tamiris Tavares de Azevedo, mãe de Fabricio e Diogo, que estão no quarto e quinto anos, respectivamente, da Escola José Protázio Soares de Souza, e de um estudante da rede estadual.
"A iniciativa de fazer o uniforme é valida, sim. Porém, não concordo com a forma como foi feita. Praticamente é padrão único, não existe diferença entre menino e menina. Na segunda colocação, por uma questão de segurança, eu não mandaria minha filha com um uniforme que não tem o distintivo da escola. Não tem como identificar. Então, no nosso pensamento de CPM, a gente decidiu que não é obrigatório, por uma questão de segurança".
Viviane Bizotto Castagna, mãe de Júlia, estudante da Escola Municipal Padre Antônio Vieira.
"Na minha opinião, é bem bacana, achei bem aproveitado. Há crianças que não têm condições de comprar, são muito caros. No ano passado eles mediram, então para a minha filha veio bem certinho, como nós esperávamos".
Natalia Moreira, mãe da aluna Louyse da Silva, que estuda no primeiro ano da Escola José Protázio Soares de Souza.