Após a publicação de decreto com medidas para racionalizar o uso de água e evitar o risco de desabastecimento em Caxias do Sul, o diretor presidente do Serviço Autônomo de Água e Esgoto (Samae), Gilberto Meletti, comentou a decisão em entrevista à Gaúcha Serra na manhã dessa quinta-feira (27). A estiagem está afetando as cinco represas que abastecem o município, todas com níveis bem abaixo do normal (veja dados abaixo) .
Meletti declara que o decreto de racionalização tem sentido pedagógico e educacional, ao pedir que a população utilize a água somente para fins essenciais, tais como consumo humano. Ele salienta que mesmo nesses casos, o Samae pede que as pessoas procurem gastar o mínimo possível.
— As nossas barragens estão diminuindo, o volume de água está bem abaixo do normal, por isso pedimos que as pessoas racionalizem para evitar o racionamento de água, que poderá existir se essa estiagem continuar. As previsões de chuva não estão boas, necessitaríamos de grandes volumes para termos uma condição normal de abastecimento das nossas represas. E o nosso solo está totalmente seco, em torno de 5 a 6 % de umidade — destaca.
Fatores como a falta de chuva e as altas temperaturas contribuem com a atual situação. O diretor explica que as chuvas encharcam o solo e a partir das bacias de captação chegam nas represas. Já o calor intenso, provoca a evaporação e consequentemente seca o solo e, assim, a água não chega até as represas. Segundo Meletti, este é o terceiro ano consecutivo que a seca atinge a região, assim o nível das represas não se recupera totalmente .
A estiagem faz com que tenhamos dificuldade em preservar água, tão importante para a sobrevivência de todos nós
GILBERTO MELETTI
diretor presidente Samae
Pensando no aumento do nível de água nas represas, Meletti afirma que seriam necessárias chuvas mais intensas e constantes. Assim, o solo absorveria a água, que chegaria nas represas. Conforme o diretor, as chuvaradas que foram registradas e que inclusive causaram estragos na região, não contribuem, pois a água não permanece.
Outro fato levantado por ele é que a umidade do ar também é importante, pois se está baixa, a própria vegetação não absorve a água e não transporta para o solo. Meletti salienta que esse é um dos motivos da importância da preservação da flora, pois ela absorve a umidade do ar.
Consumo consciente
O consumo de água, normalmente aumenta com as altas temperaturas. Por isso, o Samae pede que as pessoas racionalizem. O diretor destaca que a água potável não pode ser usada para molhar jardins, lavar residências e carros, por exemplo. E esses são os casos mais comuns observados na cidade a partir de denúncias e verificações. A intenção é coibir ações como essas a fim de preservar a água. Agora, com o decreto, o Samae pode agir em relação a essas atitudes. Desde a publicação do decreto, o Samae já recebeu 36 denúncias.
— Assim que observamos o uso da água para atividades não essenciais, vamos ao local e notificamos a pessoa, solicitando que não seja feito esse tipo de coisa. O nosso objetivo não é autuar ninguém, queremos a preservação da água e não o consumo indevido. Entretanto, se o decreto for infringido novamente, vamos autuar com 10 tarifas mínimas de água calculada no valor de R$ 286 (a tarifa mínima é de R$ 28,60). Caso persista a infração, a multa será dobrada e o usuário terá o abastecimento de água interrompido — destaca Meletti.
De acordo com o decreto, a população deve evitar o uso de água para lavagem de veículos, calçadas ou passeios públicos de prédios comerciais, industriais, públicos e residenciais, além da irrigação de gramados, hortas e jardins e da reposição ou substituição de água em piscinas instaladas em residências, condomínios e clubes. A medida não vale para atividades que ocorram de água não potável, ou seja, oriunda de fontes alternativas ou de reuso. As denúncias de uso irregular de água potável podem ser feitas por meio do telefone 115 ou também pelo WhatsApp, no número (54) 9 9180-0893, no menu 4. Como já foi dito, a primeira infração será apenas orientativa e como alerta e se a atitude for novamente observada, será aplicada multa.
Nível das represas em Caxias:
:: Complexo Dal Bó
55,85% da capacidade*
-2,37m***
:: Faxinal
79,56% da capacidade**
-2,151m***
:: Maestra
84,73% da capacidade**
-1,722m***
:: Marrecas
90,9% da capacidade**
-1,504m***
:: Samuara
93,17% da capacidade**
-0,27m****
Fonte: Samae
* Atualizado em 26 de janeiro.
** Atualizado em 26 de janeiro.
*** Medição feita em 27 de janeiro.
*** Medição feita em 25 de janeiro.
Ouça a entrevista na íntegra: