Uma semana após passar a ser obrigatório para acesso de visitantes em atividades com alto risco de contaminação para a covid-19, o passaporte vacinal ganhou força nos parques temáticos em Gramado e Canela, na Serra gaúcha. Dos cinco estabelecimentos visitados pela reportagem, todos exigiram o comprovante de vacinação contra o coronavírus e a apresentação de um documento com foto, conforme determina o decreto do governo do Estado. Na última segunda-feira (18), durante o primeiro dia da exigência, dois parques visitados não solicitavam os documentos.
Um deles era o Salão Super Carros, em Gramado. Ao contrário da semana passada, um funcionário mediu a temperatura e aplicou álcool gel logo na entrada do estabelecimento. Mais à frente, na recepção, outra funcionária explicou como funcionava o passeio e, então, solicitou que fosse apresentado o comprovante de vacinação e também um documento do titular da carteirinha. Após a conferência, ela encaminhou a confecção de uma pulseira que permite o acesso ao parque. Cartazes informando a obrigatoriedade também foram fixados logo na entrada.
Outro local que se adequou na última semana foi o parque Mundo a Vapor, em Canela. Logo na entrada, a sinalização informava sobre a obrigatoriedade da apresentação do comprovante de vacinação contra o coronavírus e também o calendário vacinal, que varia conforme a faixa etária do visitante (leia mais abaixo). Na compra do ingresso, a funcionária solicitou e conferiu os dois documentos e somente depois emitiu o bilhete que dava acesso ao local.
Segundo o diretor Paulo Port, a cobrança iniciou na última terça-feira, após o parque concluir a capacitação dos 60 funcionários. Ainda de acordo com ele, nesta primeira semana em torno de 300 visitantes foram barrados por não estarem vacinados ou por não terem o comprovante em mãos — mesmo que exista a possibilidade de emitir o documento digital pelo celular. A maioria, segundo ele, de visitantes de fora do Rio Grande do Sul.
— Muitos relataram que não sabiam, que não foram informadas no aeroporto ou no hotel e acabam sendo pegos de surpresa quando chegam aqui. Uma excursão de cerca de 50 pessoas acabou não entrando porque uma dessas pessoas não estava vacinada — relata.
Ainda de acordo com Port, mesmo que o passaporte vacinal possa representar um prejuízo com menos visitantes e menos ingressos vencidos, a segurança proporcionada pelos imunizantes contra a covid-19 é importante e precisa ser considerada.
— Os nossos funcionários também estão vacinados. Todas as formas de prevenção são bem-vindas — afirma.
Outros três parques visitados na semana passada, que já haviam aderido ao decreto, seguem solicitando o comprovante. No Mini Mundo, em Gramado, a carteirinha e o documento de identificação é solicitado na porta do estabelecimento, antes da cobrança do ingresso. O mesmo ocorre no Parque Terra Mágica Florybal, em Canela, que também faz a medição da temperatura e aplica álcool gel logo na chegada ao estabelecimento.
No Parque Estadual do Caracol, também em Canela, a tarde agradável de sol convidava para um passeio ao ar livre no local, que também reunia somente pessoas vacinadas contra o coronavírus. Desde a semana passada, no momento da compra do ingresso, é necessário apresentar o comprovante.
Turistas opinam sobre o passaporte vacinal
Vindos de Niterói (RJ) para um roteiro entre a Região Metropolitana de Porto Alegre e a Região das Hortênsias, o autônomo Gabriel Trindade Pinto Neto, 26 anos, e a advogada Rayla Henriques Ladeira, 32, disseram ser favoráveis ao passaporte vacinal. Para eles, o imunizante é fundamental para manter a queda no número de infectados e de óbitos.
— Se está ajudando a não superlotar os hospitais, já está valendo muito. É uma medida (passaporte vacinal) adequada. Em Niterói é possível circular agora sem máscara na praia, e tenho certeza que isso se deve à vacinação — conta Neto, que diz que mesmo assim ainda não se sente confortável em circular sem a proteção no rosto.
Os dois afirmaram que estão protegidos com as duas doses da vacina. Neto, inclusive, é voluntário de um estudo da Rede D’Or São Luiz, de São Paulo, cujo objetivo é a avaliação da segurança e da eficácia da vacina CoronaVac, desenvolvida pelo laboratório Sinovac Life Science com apoio do Instituto Butantan, na proteção contra a covid-19 em adultos. Já Rayla foi infectada pelo coronavírus, mas disse que não teve sintomas.
— Ia visitar a minha avó, fiz o teste por precaução e deu positivo. Apesar do susto, não tive nenhum sintoma. Tenho certeza que a vacinação é importante e teria que ser obrigatória para acessar muitos outros locais, inclusive as lojas, por exemplo — conta.
Entretanto, o turista Alexandre Campelo, 43 anos, entende que a cobrança do passaporte vacinal é uma medida indiferente e que a vacinação contra a covid-19 deveria ser opcional para a população. Apesar dele e da esposa Juliane estarem vacinados contra o coronavírus, ele acredita que a medida é ineficaz no combate ao vírus. Naturais de Recife (PE), Alexandre e Juliana, acompanhados dos filhos Alexandre e Sofia, estavam no segundo dia de um roteiro por sete dias na Serra gaúcha.
— Nunca foi dito que a vacina evita o contágio. Por isso, acho que cobrar a vacinação é uma medida que veio para segregar a população — opinou.
Mais pessoas precisam comprovar imunização completa na semana que vem
O decreto que prevê a cobrança da vacinação estipulou que, dependendo da idade, é exigido o esquema de vacinação parcial ou completo. Quem tem 40 anos ou mais precisa apresentar o esquema vacinal completo, com as duas doses ou dose única, se for o caso.
Quem tem entre 30 a 39 anos, precisa apresentar esquema vacinal com uma dose até o próximo domingo (31) e esquema vacinal completo a partir de segunda (1º). Quem tem entre 18 a 29 anos, precisa apresentar esquema vacinal com uma dose e esquema vacinal completo a partir de 1º de dezembro.
O comprovante de vacinação contra a covid-19 é obrigatório para acesso a cinco grupos de atividades com alto risco de contaminação no Rio Grande do Sul, como é o caso de eventos sociais, infantis e de entretenimento em casas noturnas, estádios, ginásios, cinemas, teatros e os parques temáticos e de diversão.
Valem tanto a caderneta física quanto a certificação digital do aplicativo ConecteSUS. Em ambos os casos, afirma a Secretaria Estadual da Saúde (SES), é necessário mostrar documento com foto para confirmar a identidade do frequentador.