Mais do que uma construção de no máximo oito metros quadrados e alguns elementos decorativos, para Alexandra Gobbi, 56 anos, o jazigo que pertence à família Bergamaschi há gerações é um lugar onde está guardada a memória de seus avós, tios, mãe e irmão, que nele encontram-se sepultados. A casinha é uma das inúmeras que ocupam os quatro hectares de área do cemitério municipal de Caxias do Sul, no bairro Marechal Floriano, e que frequentemente são alvos de vandalismo e furtos. A relações públicas sequer consegue citar quantas vezes encontrou o mausoléu da família depredado. No início do mês, até a porta foi levada. A administração do local é de responsabilidade da prefeitura, que diz projetar medidas para coibir ações deste tipo no local.
— Nome a gente resolveu nem botar mais porque qualquer coisa eles levam, mas nunca imaginei que levariam a porta. Ainda se levassem e deixassem as coisas como estavam, mas não, eles quebraram vidros e porta-retratos, bagunçaram tudo — lamenta a familiar, que também observa a falta de segurança no cemitério.
— Tenho medo de ir e evito levar celular, chave do carro ou qualquer outra coisa de mais valor. Levo só a chave da capela mesmo. Parece que ficou melhor depois que a funerária se mudou para a frente do cemitério, porque eles têm vigilância, mas ainda assim é uma área muito perigosa — avalia Alexandra.
Atualmente, o cemitério é mantido fechado entre 18h e 8h, e não conta com serviço de vigilância, apenas com o monitoramento feito de forma mais geral, no entorno, pela Guarda Municipal, conforme relata o secretário municipal de Meio Ambiente, João Osório Martins.
De acordo com a administração do local, as invasões ocorrem quando os portões estão fechados, sendo recorrentes situações de furto de letreiros e outros adornos em metal, fiação elétrica e até tampas de bueiros. Somente na semana passada foram três ocorrências.
Martins afirma que a situação é observada por ele desde que assumiu a pasta e diz que medidas estão sendo projetadas para coibir este tipo de ação.
— O cemitério, assim como outras áreas da cidade, ficou abandonado por muito tempo e agora estamos tentando resgatar estes espaços. A ideia é, em um primeiro momento, aumentar a altura dos muros, tanto no central, quanto no Rosário (no Desvio Rizzo) e pintar. Parece uma ação simples, mas é algo que contribui muito no combate ao vandalismo. Também estão previstas câmeras de monitoramento para aquela área dentro do projeto municipal de instalação de mais equipamentos — afirma o secretário, que vê a medida como um importante reforço na segurança.
No cemitério central, segundo a administração, cerca de 85% dos túmulos estão em jazigos particulares, em regime de concessão perpétua, como o da família de Alexandra. Neste e também nos demais jazigos, quando depredações ou furtos são identificados, as equipes registram boletim de ocorrência na polícia e contatam os responsáveis para que realizem a manutenção. Martins afirma que muitas vezes os cadastros estão desatualizados e a família acaba não sendo localizada ficando, então, por conta da prefeitura os reparos necessários.