A Secretaria Estadual de Educação (Seduc) pretende colocar em prática, em todo Rio Grande do Sul até 19 de outubro, uma das etapas de recuperação do aprendizado em função da pandemia de coronavírus. Trata-se do aumento de carga horária para as disciplinas de Língua Portuguesa e Matemática nas escolas da rede, incluindo as que fazem parte da 4ª Coordenadoria Regional de Educação, na Serra.
A ampliação de horas para as duas disciplinas foi definida após os resultados obtidos nas provas do Avaliar é Tri, que ocorreu entre os meses de maio e junho com a participação de alunos do 2º ano do Ensino Fundamental ao 3º ano do Ensino Médio. Com base no desempenho das crianças e adolescentes, ficou definido, então, o aumento de períodos semanais nas duas disciplinas. A alteração começou a ser aplicada no Estado desde 23 de agosto, conforme a Seduc, mas nem todas as escolas do RS já estão adaptadas, inclusive em Caxias do Sul.
— Os alunos, nesse período, não tiveram a aprendizagem que a gente entende que seria necessária, de acordo com os critérios do próprio MEC (Ministério da Educação). Diante dessa fragilidade, nós percebemos que a nossa matriz de carga horária permitia a ampliação de carga horária de Português e Matemática, que são dois pilares do conhecimento para, inclusive, aprender outras habilidades e competências — explica a secretária adjunta Estadual de Educação, Stefanie Eskereski.
Dessa forma, ficou definido o acréscimo de três períodos semanais de Matemática e dois de Língua Portuguesa para o Ensino Fundamental e Médio das escolas regulares. A mudança na carga horária não implica, por exemplo, em aulas aos sábados ou redução de períodos para outras disciplinas.
— A carga horária do aluno não mudou, só fizemos um ajuste do tempo pedagógico. O Ensino Médio, por exemplo, tinha quatro períodos de 60 minutos por dia dentro da carga horária semanal. Nós pegamos estes períodos e reduzimos para 50 minutos e, agora, conseguimos ter cinco períodos de 50 minutos por dia. Colocamos um período a mais de Matemática em relação à Língua Portuguesa, porque a fragilidade é maior nesta disciplina na nossa rede — detalha a secretária adjunta.
Conforme Stefanie, a expectativa é de que este reforço seja aplicado até dezembro e se estenda ao ano letivo de 2022.
— Enquanto o programa de recuperação e aceleração de aprendizagem estiver vigente, a ideia é que esta carga horária permaneça. A gente não consegue recuperar essa aprendizagem perdida nestes poucos meses até o final do ano — reconhece.
Quadro de professores ainda incerto
A mudança na carga horária das disciplinas impacta na demanda de profissionais na rede estadual. Por meio da assessoria, a 4ª CRE afirmou que "algumas escolas não precisarão necessariamente contratar um novo professor, pois pode haver remanejamento interno ou ampliação de carga horária".
Ainda de acordo com a coordenadoria regional, não é possível estimar quantos docentes faltariam para preencher eventuais faltas, porque está ocorrendo um processo de contratação de professores, o que impossibilita uma estimativa assertiva.
Os cenários nas escolas estaduais de Caxias são distintos no que diz respeito ao quadro de professores. A maioria das instituições consultadas pela reportagem espera a chegada de novos docentes para aderir à ampliação de períodos. Na Escola Antônio Avelino Boff, em Fazenda Souza, por exemplo, a grade não será atualizada em breve, porque a instituição está em uma área rural e necessita de alterações no transporte, segundo a diretora Rosecler da Rosa.
Já na Escola Evaristo de Antoni, a diretora Heloisa Medeiros prevê falta de docentes para preencher a carga horária prevista pela Seduc, tanto em Língua Portuguesa, como em Matemática. A escola, localizada no bairro São José, atende cerca de 800 alunos.
— A mudança vai acontecer quando os professores vierem para a escola — aponta Heloisa.