A primavera inicia nessa quarta-feira exatamente às 16h21min, mas quem é alérgico nem precisa dessa informação, pois o corpo já emite sinais de aviso. Enquanto, para alguns, é estação de contemplação das flores desabrochando, para outros, está começando a temporada de rinites, bronquites e asmas devido ao aumento da quantidade de pólen no ar.
Com a volta das crianças para as aulas presenciais, a preocupação aumenta ainda mais. De acordo com a médica alergista e imunologista Luciane Failace, a explicação do aumento de casos de doenças respiratórias está na própria estação. A região Sul possui mais casos de pessoas alérgicas por causa da grande quantidade de pólen verificada nesta época do ano. Segundo a Associação Brasileira de Alergia e Imunopatologia, cerca 25% dos adultos desta região têm alergia clínica ao pólen.
— No Sul do país, nós temos uma estação bem definida com polinização maciça, o que não é tão visível nos outros estados, porque eles têm um clima tropical no qual as estações não são tão definidas — explica Luciane.
Na primavera, o pólen, que se espalha pelo ar, somado às mudanças de temperatura e a poeira que favorece a manifestação das chamadas "ites". As alergias respiratórias mais comuns nessa época do ano são a rinite (inflamação da mucosa nasal) e a sinusite (inflamação da mucosa dos seios da face). Em alguns casos, também podem ocorrer episódios de crises de asma (doença inflamatória crônica das vias aéreas) e de bronquite (inflamação dos brônquios).
Sintomas parecidos aos da covid-19
Em tempos de pandemia, os sintomas das alergias respiratórias podem ser confundidos com os da covid-19. Os principais sintomas de alergia na primavera são espirros, coriza, nariz trancado, olhos vermelhos, coceira nos olhos e no nariz. Algumas pessoas têm crises somente nessa época. Contudo, de acordo com Luciane, é importante lembrar que muitas crianças são assintomáticas para covid-19. De acordo com a especialista, é essencial analisar cada situação atentamente.
— A criança pode ser assintomática para covid-19, então é preciso analisar o histórico familiar de alergias. Na covid-19, existe também o mal-estar que na rinite não tem. A rinite geralmente causa sintomas como nariz escorrendo e coceira no olho, por exemplo, que não é uma característica da covid — explica ela.
Para prevenir as crises alérgicas nesta época do ano, a melhor maneira é evitar o contato com substâncias que causem alergia, como poeira, pelos de animais, fumaça de cigarro, produtos de limpeza e até mesmo perfumes.
— É preciso identificar o gatilho da alergia, procurar o médico e não ter medo de fazer os tratamentos nos períodos de gatilhos. Muitas pessoas se acostumam, dizendo que são assim. Ninguém precisa viver com o nariz trancado ou espirrando — destaca a médica.
Luciane também reforça que a primavera traz outra consequência para os alérgicos: a mudança de temperaturas. Essas pessoas costumam sofrer mais durante a entrada do inverno e da primavera, devido a inconstância das temperaturas.
Como encarar melhor a chegada da primavera
Cofira a seguir, alguns cuidados que podem ajudar a evitar os efeitos da chegada da primavera:
:: Entre as medidas mais simples está forrar o colchão e o travesseiro com material impermeável para evitar o contato com outros causadores de alergias, como ácaros e mofos, que também estão presentes em carpetes, cortinas e brinquedos de pelúcia.
:: O uso de produtos químicos de limpeza como amaciantes e desinfetantes também irrita a mucosa nasal e deve ser freado durante a estação.
:: Na hora de limpar a casa, alguns cuidados são fundamentais para evitar as alergias, principalmente na primavera.
:: Para isso, mantenha os ambientes arejados, por pelo menos algumas horas do dia, e evite usar vassouras na hora da limpeza. O recomendado é optar pelo pano molhado, que irá tirar a sujeita sem levantá-la.