Atentos às mudanças recentes de protocolos sanitários, os proprietários de restaurantes se adequam às regras como podem para não deixar de trabalhar, como ocorreu quando os estabelecimentos precisaram fechar as portas em períodos de 2020. Desde as últimas alterações oficializadas pela prefeitura de Caxias do Sul, há cerca de 20 dias, os clientes passaram a servir-se diretamente nos bufês. Antes, era obrigatório que um funcionário depositasse o alimento em cada prato. Outra mudança é que a utilização das luvas descartáveis não é mais uma exigência.
Conforme o diretor técnico da Vigilância Sanitária da Secretaria Municipal da Saúde (SMS), Rodrigo Zardo, o limite de pessoas sentadas, por mesa, subiu de cinco para oito e o teto máximo de ocupação saiu de 25% para 75%, com limite de 150 pessoas. O distanciamento mínimo segue em dois metros por mesa entre grupos diferentes. O horário permitido de funcionamento é das 5h até a meia-noite. Os clientes que ingressaram no estabelecimento antes do limite poderão sair até a 1h para que não gerem aglomeração ou filas na saída. As regras foram estipuladas em decreto publicado em 19 de julho (nº 21.647).
A empresária Karine Gomes, 46 anos, vivencia os reflexos das atualizações das normas diariamente, já que manteve o hábito de consumir o almoço em restaurantes mesmo no ano passado.
— Me sinto super segura nos lugares que frequento. Todos cumprem as normas. Já passei pelo protocolo de quando eles tinham que nos servir, mas agora já voltou como era (self-service). Acho que temos que confiar no lugar onde vamos e observar os distanciamentos. Se o funcionário chamar a atenção para o uso da máscara também é bom — cita.
O presidente do Sindicato Empresarial de Gastronomia e Hotelaria Região Uva e Vinho (Sehg), Vicente Perini, salienta que o atual desafio é obter liberação de eventos e casas noturnas.
— Os restaurantes estão seguros, mantendo seus funcionários para efetivar a higienização desde a chegada da mercadoria até a saída do cliente. Na cozinha, todos usam máscara. Sobre as casas noturnas, temos o pedido para que voltem, isso acabaria com as festas clandestinas — ressalta.
Também proprietário do Q Restaurante, Perini, lembra que a mudança do número de pessoas por mesa, de cinco para oito, ajudou o setor.
— Isso facilitou para as famílias e melhorou para nós, ampliando o movimento. Claro que sempre com segurança.
A alteração nos protocolos também ajudou o Restaurante Fachinelli. De acordo com o proprietário, Athus Fachinelli, o movimento está crescendo a cada dia.
— Para o nosso ramo foi positivo. O pessoal acaba perdendo um pouco o medo e agora com essa liberação as coisas parecem começar a retomar. Famílias que vinham uma vez na semana, já estão vindo duas, três vezes — comemora.
Apesar de menos rígidos, alguns itens do antigo protocolo, como o uso de luvas, segundo Fachinelli, seguem sendo exigidos por segurança no restaurante. Ele também acredita que se as coisas se mantiverem nesse ritmo, muito poderá ser recuperado.
— As luvas optamos por manter para segurança, porque infelizmente alguns não tem o hábito de utilizar o álcool em gel. Então, tudo o que for para ajudar nesse processo, vamos manter, sempre, até porque se as coisas se mantiverem assim, creio que até o final do ano possamos recuperar uns 85% do que perdemos de movimento lá no início — ressalta.
Segurança é a palavra que define o sentimento da família da psicóloga Marina Guerra, 42. Acostumada a almoçar com o marido Humberto Bassanesi, 43, e as filhas Giovana, 7 e Gabriela, 5, ela entende que o horário do almoço é um momento de convivência social.
— Nós paramos quando esteve tudo fechado, mas assim que abriu retornamos. Para as gurias é importante conviver, sair —disse.
Bassanesi reforça:
— Não vejo problema em almoçar fora. O restaurante não traz riscos maiores do que outras coisas que fazemos no dia-a-dia. Há distância e tudo está devidamente higienizado — afirmou.
Ventilação
Apesar da portaria mais recente da Secretaria Estadual da Saúde, de sexta-feira (6), retirar a obrigatoriedade de ventilação cruzada em restaurantes, em Caxias do Sul os locais procuram manter a circulação de ar com janelas e portas entre abertas. A portaria estadual (nº 560) permite que esses estabelecimentos adotem o sistema de exaustão em ambientes fechados. Conforme Zardo, a regra em Caxias é garantir a "ventilação natural e a renovação do ar ou sistema de circulação".
Autuações
De acordo com Zardo, no mês de julho foram fiscalizados 206 estabelecimentos como restaurantes, lanchonetes e similares. Nestes, três autuações foram aplicadas por conta do desrespeito ao distanciamento entre mesas e teto máximo, além de falta de cartazes informativos. Ao todo, 12 fiscais atuam na fiscalização.
— Montamos uma força-tarefa para conseguirmos fiscalizar o maior número de restaurantes possível — diz.