A prefeitura de Caxias do Sul publicou quarta-feira (9), um novo decreto com medidas mais restritivas para a prevenção ao coronavírus. No geral, as medidas publicadas pouco diferem das que já estavam em vigor desde o decreto de 17 de maio. Contudo, uma delas gera importante impacto no setor de eventos da cidade.
Nos próximos 15 dias, os promotores, caso desejem realizar casamentos, festas e recepções, deverão solicitar autorização para o Comitê Técnico Regional da Serra. O preenchimento do Termo de Responsabilidade Sanitária também é condição para a realização do evento. O termo está disponível no site da prefeitura de Caxias.
Empresas que dependem da realização de eventos sociais em Caxias dizem que o fechamento instantâneo, sem prazo de adequação e, sem ser precedido por debates com as entidades e empreendedores, prejudica os profissionais e as empresas já afetadas pela extensão da crise sanitária.
— Recebemos com surpresa e apreensão, porque, na verdade, nós estamos sendo penalizados há mais de um ano. Se você analisar, o único setor que não teve possibilidade de retornar, mesmo respeitando todas as normas, foi o nosso. E quando você consegue voltar com eventos menores, ao menos para manter a estrutura que tem, vem novo decreto e se fecha. Em momento algum nós fomos ouvidos. Em momento algum conseguimos sentar com alguém para poder colocar a nossa situação, apresentar algumas alternativas — desabafa Venilton Demori, da Merceretto Espaço para Eventos, integrante do hub de eventos da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL), de Caxias.
Com a possibilidade de reabrirem, oficializada em 17 de maio, as empresas ganharam fôlego, depois de mais de um ano fechadas. Os relatos são de procura pelo serviços, ainda que com protocolos, ocupação limitada e sem a possibilidade de abrir a pista de dança, por exemplo.
A falta de previsibilidade sobre as medidas a serem tomadas pelos próximos 15 dias é uma das reclamações, porque existe toda uma cadeia envolvida na realização do evento, que vai desde fornecedores até as prestadores de serviços, como as empresas de decoração ou responsáveis pela mesa de doces.
— Esse decreto absurdamente entrou no meio da semana. Quer dizer, as pessoas já estavam preparadas para os eventos que iam acontecer no fim de semana — pontua Cláudia Sassi, da Orus Noivas e Festas, que também faz parte do hub de eventos da CDL.
Ela conta ainda que a sua empresa voltou a trabalhar, ainda em escala menor, com atendimento em apenas um turno, no último mês. A empresária destaca que, apesar das festas mais intimistas, houve uma procura que permitia ao menos manter as portas abertas. Além disso, considera incoerente o fato de que os eventos corporativos possam continuar a ocorrer com a presença de 100 participantes.
— Normalmente, os eventos pequenos é para pessoas próximas, enquanto que um evento empresarial é para pessoas de tudo quanto é lugar. Então, se é para ter uma proibição, que seja para todos e tenha um prazo de, no mínimo, dez dias para as pessoas se organizarem. Mas não é coerente fechar, porque todos os setores estão funcionando. Então, não podemos ser os vilões — avalia Cláudia.
Eventos não corporativos precisam de aprovação do Comitê Técnico Regional da Serra
Por recomendação da diretoria e do Comitê Técnico da Associação dos Municípios da Encosta Superior do Nordeste (Amesne) após alerta do Governo do Estado dentro do Sistema 3As, os encontros corporativos não poderão ter público superior a 100 pessoas e os demais eventos só poderão ocorrer com autorização do Comitê Técnico Regional da Serra. A medida consta no Decreto Municipal 21.592, publicado nesta quarta.
Para que sejam feitos os encaminhamentos ao Comitê, será necessário que o requerente preencha o Termo de Responsabilidade Sanitária, que está disponível no link . Depois de preenchido, o documento deverá ser enviado por e-mail para contato@caxias.rs.gov.br, para que seja feito o protocolo.
Como fica o funcionamento em restaurantes , bares e pubs
O decreto municipal também definiu que os restaurantes, pubs, lancherias e estabelecimentos similares devem permitir a entrada de público somente até as 22h. Depois disso, os clientes, que já estavam no espaço, têm até as 23h59min para finalizar o consumo. Para o Sindicato da Gastronomia e Hotelaria da Região Uva e Vinho (SEGH), a medida já era esperada porque vinha sendo discutida em âmbito regional.
A avaliação é de que haverá um certo prejuízo, principalmente por causa da organização de reservas para o Dia dos Namorados, que já vinha ocorrendo, mas ainda assim o setor comemora o não fechamento da atividade. O presidente da entidade, Vicente Perini, diz que a proibição de música ao vivo é um aspecto que causa certo desconforto, porque havia estabelecimentos anunciando essa programação como um diferencial e agora não poderá usá-la:
— O problema é que o decreto vem um pouco em cima da hora, ainda mais com a chegada do Dia dos Namorados. Tinha muita gente se preparado com música ao vivo e até com horários ampliados. Eu vejo como ruim a questão de tu restringir a entrada, porque com a chegada do Dia dos Namorados, que é um dos melhores dias para nós, a maioria estava marcando em horários (determinados). Então, tu acaba perdendo um pouco dos horários em função dessa diminuição de entrada até as 22h — resigna-se Perini.