Um estudo detalhado sobre a estrutura do Complexo Maesa foi apresentado nesta quarta-feira para a prefeitura de Caxias do Sul. O documento, que contém 290 páginas, foi elaborado pelo escritório Vazquez Arquitetos e traz um diagnóstico completo sobre as condições estruturais do prédio e as possíveis ocupações de cada um dos 19 blocos do complexo.
Ao todo, 14 arquitetos dedicaram-se por 60 dias na elaboração do estudo, iniciado em março. O documento obedece a um ordenamento de cinco eixos: Administração Pública; Arte e Cultura; Memória e Patrimônio; Lazer e Gastronomia e Administração Maesa.
A apresentação do bloco 1, onde funcionava a antiga administração entre outros espaços, traz, por exemplo, a análise da condição dos pisos, alvenarias e coberturas, além de diversas imagens que ajudam a comunidade a entender e até mesmo conhecer o complexo. Ao fim da apresentação de cada bloco, há a descrição das potencialidades para ocupação do lugar. O bloco 1 é mais indicado, segundo o estudo, para atividades de Memória e Patrimônio, seguida de Arte e Cultura. As sugestões levam em conta, além dos aspectos arquitetônicos, o valor histórico de cada espaço.
— Foi nos passado um norte inicial, a partir da divisão desses cinco grupos. A partir disso, fizemos uma análise de cada um dos blocos para, dentro de critérios técnicos, sermos capazes de colocar em quais grupos os espaços se encaixariam melhor. Nas próximas etapas, a gente tem o zoneamento do edifício, identificando como vai ser a organização dele, as medidas de conservação, orientações e infraestrutura. No zoneamento, de uma forma macro, vamos nos aprofundar mais nas possibilidades de uso, como existe a questão de instalação de um mercado público, como muito se comenta. A gente pode e iremos fazer indicações, mas a definição em si não cabe a nós — explica o arquiteto Matias Revello Vazquez.
Outro ponto importante do estudo se refere à condição estrutural do prédio. Segundo Matias, as medidas mais emergenciais propostas no documento tratam sobre as infiltrações verificadas no complexo.
— As estruturas estão danificadas, algumas mais que outras. Existe uma série de medidas emergenciais que podem vir a ser tomadas, mas depende de como a prefeitura vai conduzir este processo — justifica Matias.
Durante reunião, na manhã de ontem, a vice-prefeita Paula Ióris, afirmou que o Executivo pretende iniciar um levantamento e orçamento das medidas necessárias, a partir das urgências pontuadas no documento e na apresentação.
— Os dados revelam a importância do trabalho conjunto e da transparência na divulgação para que todos tenham a clara noção da responsabilidade com este patrimônio e sua complexidade para um uso racional e que contemple os interesses de todos os segmentos da sociedade. O tempo que parou faz falta agora — argumenta a vice-prefeita.
Próximos passos
Segundo a prefeitura de Caxias do Sul, a próxima etapa tem prazo de conclusão em 20 de outubro. Durante este período, os profissionais do escritório Vazquez Arquitetos manterão agenda com os técnicos da Secretaria de Planejamento. Na próxima semana, está prevista uma primeira apresentação do zoneamento e, para o início de setembro, uma prévia das medidas de conservação. Além disso, o Executivo pretende se reunir com os vereadores da Frente Parlamentar denominada "A Maesa é Nossa".
SAIBA MAIS
O Complexo Maesa tem área construída de 48.059,64 m². Para efeitos comparativos, o Shopping Villagio Caxias tem área construída de 55.345,00 m².
O estudo de 290 páginas pode ser acessado por este link.
POTENCIAL DE CADA BLOCO
Bloco 1
Usado originalmente para a fundição de metais ferrosos.
Uso mais indicado para: Memória e Patrimônio; Arte e Cultura.
Bloco 2
Usado originalmente para polição de lâminas e como área de circulação.
Uso mais indicado para: Lazer e Gastronomia; Arte e Cultura.
Bloco 3
Usado originalmente para acabamento de tesouras e áreas de circulação.
Uso mais indicado para: Lazer e Gastronomia; Arte e Cultura.
Bloco 4
Usado originalmente para cortação de cilindros, estampação e estanhação.
Uso mais indicado para: Lazer e Gastronomia; Arte e Cultura.
Bloco 5
Usado originalmente para laminação a frio, refilação de ferro e materiais não-ferrosos.
Uso mais indicado para: Lazer e Gastronomia; Arte e Cultura.
Bloco 6
Usado originalmente para o setor de botões de pressão.
Uso mais indicado para: Arte e Cultura; Lazer e Gastronomia.
Bloco 7
Usado originalmente para setor de tesouras e instrumentos cirúrgicos.
Uso mais indicado para: Lazer e Gastronomia; Arte e Cultura.
Bloco 8
Usado originalmente para vestiários.
Uso mais indicado para: Administração pública; Arte e Cultura.
Bloco 9
Usado originalmente para setor de depósito e expedição de material, além de área de circulação.
Uso mais indicado para: Administração Maesa; Administração pública.
Bloco 10
Usado originalmente para garagem, sala de equipamentos de segurança e sala do arquivo.
Uso mais indicado para: Administração Maesa; Administração pública.
Bloco 11
Usado originalmente para depósito.
Uso mais indicado para: Administração Maesa; Administração pública.
Bloco 12
Usado originalmente para fundição de metais não-ferrosos e área de circulação.
Uso mais indicado para: Arte e Cultura; Memória e Patrimônio.
Bloco 13
Usado originalmente para oficina mecânica.
Uso mais indicado para: Lazer e Gastronomia.
Bloco 14
Usado originalmente para guarita, vestiários, refeitório e ambulatório.
Uso mais indicado para: Administração Maesa.
Bloco 15
Usado originalmente para depósito.
Uso mais indicado para: Lazer e Gastronomia; Administração Maesa.
Bloco 16
Usado originalmente para central de resíduos perigosos (não-recicláveis).
Uso mais indicado para: segundo documento "o uso original inviabiliza qualquer tipo de ocupação humana sem que nela sejam feitam adaptações a partir de laudo de contaminação. Devido a baixa indicação para as vocações, será avaliado para liberação".
Bloco 17
Usado originalmente para o setor administrativo.
Uso mais indicado para: Administração Maesa; Administração pública.
Bloco 18
Usado originalmente para central de resíduos e gás, salão de festas, balança e guarita de balança.
Uso mais indicado para: de acordo com o estudo é "inviável qualquer tipo de ocupação sem que sejam realizadas adaptações a partir de laudos de contaminação".
Bloco 19
Usado originalmente para caixas d'água e casa de bombas.
Uso mais indicado para: de acordo com o estudo "se trata de estrutura servente a nascente de água que abastecia o complexo fabril, não cabendo qualquer tipo de ocupação".